Amanhã, nas
ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos
comemora-se o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”. A
bem, é claro, da Nação onde, em tempos, também era o dia da raça.
Comemora-se,
creio, também o nobre facto de uma nação valente que tem mais um milhão e
duzentos mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a
sente a bater à porta.
Comemora-se,
creio, o facto de António Borges, o consultor do Governo que defende a redução
urgente dos salários, ter ganho em 2011 a módica quantia de 225 mil euros livres de impostos.
Comemora-se,
creio, um brilhante exemplo, entre muitos outros, de António Mexia (presidente
executivo da EDP) que auferiu a simbólica quantia de 3,1 milhões euros, o que
traduzido significa que ganhou em cada mês 25 anos de salário médio de cada
português.
Seja como
for, sendo certo que há cada vez mais portugueses que o único sonho que têm
nesta altura é serem apenas... pobres, Portugal festeja o seu dia, com
cerimónias presididas pelo homem que nunca se engana e que raramente tem
dúvidas, o Presidente da República.
Em Março de
2002, Cavaco Silva afirmava na Faculdade de Economia do Porto, numa conferência
intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro", que o
mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, mas que o
"medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um
quase poder de veto para o ministro das Finanças e considerava que Portugal teria
no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação
económica.
O que andou
o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela
pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.
"Parece-me
que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e
evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do
alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade
requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o
ex-primeiro-ministro. "Se não for assim, estou pessimista",
acrescentou.
Para o
economista e professor universitário, será, contudo, "muito
complicado" para o próximo Governo resolver "o problema mais
grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas. "Os
políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem
política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é
duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".
O que andou
o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela
pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.
Lembrando
que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal",
Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar
os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio
incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto
sobre os restantes ministérios".
O objectivo
é, dizia há dez anos, assegurar a concretização de medidas que se antevêem
impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos
hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a
contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas
externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Neste
particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar
"quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas,
nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual.
O que andou
o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela
pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.
Quanto à
evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável "um claro
levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de
fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe. Imperativo
é ou era também "restituir a
credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de
facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e
agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas
estruturais".
"A
nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência
económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da
produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos
plurianuais.
O que andou
o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela
pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.
Hoje, como
quase sempre, Cavaco Silva sacode a água do capote e continua (como se, para
além de presidente da República, não andasse há um monte de anos na política portuguesa)
a esquecer-se de que quem não vive para servir não serve para viver.
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