sábado, junho 09, 2012

O dia de Portugal e dos sem raça


Amanhã, nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos comemora-se o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”. A bem, é claro, da Nação onde, em tempos, também era o dia da raça.

Comemora-se, creio, também o nobre facto de uma nação valente que tem mais um milhão e duzentos mil desempregados, 20% de gente na miséria e outro tanto que já a sente a bater à porta.

Comemora-se, creio, o facto de António Borges, o consultor do Governo que defende a redução urgente dos salários, ter ganho em 2011 a módica quantia de  225 mil euros livres de impostos.

Comemora-se, creio, um brilhante exemplo, entre muitos outros, de António Mexia (presidente executivo da EDP) que auferiu a simbólica quantia de 3,1 milhões euros, o que traduzido significa que ganhou em cada mês 25 anos de salário médio de cada português.

Seja como for, sendo certo que há cada vez mais portugueses que o único sonho que têm nesta altura é serem apenas... pobres, Portugal festeja o seu dia, com cerimónias presididas pelo homem que nunca se engana e que raramente tem dúvidas, o Presidente da República.

Em Março de 2002, Cavaco Silva afirmava na Faculdade de Economia do Porto, numa conferência intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro", que o mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, mas que o "medo" dos políticos dificulta a sua correcção, malgrado defender um quase poder de veto para o ministro das Finanças e considerava que Portugal teria no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.

O que andou o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.

"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá na proximidade do alargamento da União Europeia e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmou o ex-primeiro-ministro. "Se não for assim, estou pessimista", acrescentou.

Para o economista e professor universitário, será, contudo, "muito complicado" para o próximo Governo resolver "o problema mais grave" que afecta a economia portuguesa: a crise nas finanças públicas. "Os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", afirmou, sublinhando: "Não será nada fácil".

O que andou o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.

Lembrando que o Ecofin "está a olhar de forma muito particular para Portugal", Cavaco Silva defendeu que a solução passa, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que deve contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".

O objectivo é, dizia há dez anos, assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.

Neste particular, o ex-primeiro-ministro considerou ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual.

O que andou o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.

Quanto à evasão e fraude fiscais, apontou como única solução viável "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impõe. Imperativo é ou era  também "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".

"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" em Portugal e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerou, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.

O que andou o actual presidente a fazer desde essa data? Andou, como anda, a gerir a gamela pública onde ele e muitos outros se juntam para mamar à custa dos escravos.

Hoje, como quase sempre, Cavaco Silva sacode a água do capote e continua (como se, para além de presidente da República, não andasse há um monte de anos na política portuguesa) a esquecer-se de que quem não vive para servir não serve para viver.

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