domingo, junho 17, 2012

De mãos estendidas e de cócoras


A vaselina caiu em desuso no Governo português, tal é a habituação. O mesmo se passa com a vergonha. E assim sendo, Portugal não é sério e já nem se preocupa em parecê-lo.

Paulo Portas continua a mostrar aos donos de Angola que, por falta de coluna vertebral, o que o seu governo gosta é de estar sempre de cócoras, prontinha para ser comido. Por isso disse à Lusa, no final de uma escapadela de algumas horas ao reino do MPLA, que o sucesso dos investimentos de empresas portuguesas em Angola é a chave para a manutenção de postos de trabalho em Portugal.

Um milhão e duzentas mil pessoas que estão no desemprego ficaram, valha-lhes ao menos isso, a saber que nada devem ao regime angolano que é presidido por um cidadão que está há 33 anos no poder sem nunca ter sido eleito.

“O mercado angolano é o primeiro fora da Europa para as nossas empresas, que fazem aqui uma aposta muito importante, que fazem aqui investimentos significativos e que ao ter uma posição importante em Angola estão a proteger postos de trabalho na retaguarda, em Portugal”, disse Paulo Portas.

Em matéria de retaguarda reconheço que Paulo Portas sabe do que fala. Não será o único no Governo, mas é dos mais preparados. Outros há que preferem trabalho na horizontal, de joelhos e por aí fora.

O comentário bajulatório de Paulo Portas vem na sequência de declarações recentes do ministro de Estado e da Coordenação Económica angolano e ex-presidente da Sonangol, Manuel Vicente, segundo o qual Angola não iria para já reforçar os investimentos no tecido produtivo português.

“Angola é um país cujo crescimento económico é enorme. Tem uma prioridade importante que é fazer com que esse crescimento signifique também uma melhor distribuição. Tem inúmeros planos nas áreas económica e social para o território angolano e na internacionalização, Portugal foi, é e será importante, como se vê todos os dias pelos factos”, salientou Paulo Portas.

Como Paulo Portas não consegue ver a realidade do Povo angolano, perto de 70% vive na miséria, tudo leva a crer que o ministro português tem de ir ao médico, pois é visível que se tem agravado os problemas, pelo menos com um olho.

As relações entre Portugal e Angola “são boas e podem ainda ser melhores, sempre numa perspetiva duplamente ganhadora. É preciso que os interesses de Portugal em Angola sejam defendidos e é preciso que os investimentos de Angola em Portugal sejam protegidos», disse Paulo Portas, certamente depois de ter sido suficientemente afagado pelos especialistas do regime.

“Há muitas empresas portuguesas presentes no mercado angolano: grandes, médias e pequenas, e há inúmeros planos para o futuro de Angola onde a participação das empresas portuguesas é relevante e hoje em dia é muito significativa, em sectores importantes, a entrada de capitais angolanos em Portugal”, acrescentou Paulo Portas que, penso, está triste porque nunca mais se concretizar a OPC (Oferta Pública de Compra), a retalho ou por atacado, sobre Portugal.

Como em tudo na vida, quem espera desespera. E Lisboa está a ficar desesperada, tal é o desejo, a vontade, a paixão que coloca nesta operação de compra.

Creio que o regime do MPLA só assinará o cheque depois de 31 de Agosto, data em que os angolanos (os vivos e os mortos) vão dar uma confortável vitória a Eduardo dos Santos.

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