O Bispo das
Forças Armadas portuguesas continua a partir a loiça. Até agora tem sido
debalde. Mas, talvez um dia destes o Povo acorde e parta as fuças aos
esclavagistas que se julgam donos do país.
D. Januário
Torgal Ferreira confessou à TSF estar “profundamente chocado” com os
agradecimentos de Pedro Passos Coelho à paciência dos portugueses, admitindo ter
ficado com vontade de pedir ao povo para sair à rua para fazer a democracia.
D. Januário
Torgal Ferreira lamentou que as acções e as palavras do actual Governo façam
recordar outros tempos de “má memória”. Sobre a escumalha que comanda o reino,
o Bispo das Forças Armadas diz que ela fala do povo português como um “povo
amestrado” que “devia estar no Jardim Zoológico”.
O bispo das Forças Armadas não se cansa de pôr
o dedo no gatilho embora, ao que parece, os escravos portugueses não tenham já
força para fazer o mesmo.
O bispo que
teima em pôr os portugueses a pensar pela própria cabeça e a rejeitar qualquer
intervenção cirúrgica que vise a substituição da coluna vertebral, não está com
meias palavras e diz – por exemplo – que se Francisco Sá Carneiro fosse vivo
caía para o lado. No entanto, como já morreu, deve estar – segundo D. Januário
Torgal Ferreira - a dar voltas no túmulo já que, acrescenta, a austeridade é
uma espécie de "terrorismo".
"A mim,
também me dava jeito um desvio colossal. Depois em Março alguém pagava",
disse, desconfiado das razões que levaram à decisão pelas novas medidas de
austeridade. "Nada é explicado. Fico com uma grave suspeita sobre a
verdade de tudo isto", acrescentou D. Januário Torgal Ferreira, em
declarações à RTP.
"A
Igreja tem de respeitar a justiça e lutar pelos direitos humanos. Não pode
acatar qualquer acto terrorista", disse o bispo das Forças Armadas, quando
confrontado com uma pergunta sobre a posição da Igreja face às novas medidas de
austeridade. "Há vários tipos de terrorismo, o intelectual, o do
medo", disse o bispo.
"Agora
é assim? Em Fevereiro os reformados não vão receber. E em Março são os
funcionários que ficam sem receber?", questionou. Mas o primeiro-ministro
disse que lamentava ter de aplicar estas medidas, argumentou a jornalista da
RTP. A resposta foi lapidar: "Já vi muita gente a lamentar e depois ir
assaltar um banco. Ou a abandonar a mulher e os filhos e a dizer lamento".
Ao contrário
de muitos, há muito tempo que D. Januário Torgal Ferreira entende que dizer o
que pensa ser a verdade é a melhor qualidade dos homens de bem. Em Julho de
2010, por exemplo, já afirmava que não
entendia bem as medidas de austeridade impostas pelo Governo de então, avisando
que poderiam ter elevados os custos sociais.
“É preciso
ter muito cuidado. Porque é nestas horas que se fazem grandes fortunas. E,
sobretudo, é nestas horas em que os mais pobres ficam mais pobres e alguns
ricos ficam muitíssimo mais ricos”, disse o prelado no Funchal, à margem da
comemoração dos 58 anos da Força Aérea Portuguesa.
Pois é. Mais
uma vez o bispo tinha razão. José Sócrates foi filosofar para outra freguesia e
o seu sucessor adoptou o mesmo receituário, variando apenas a cor do papel da
receita.
De facto,
tal como o PS, o PSD tudo faz para que os poucos que têm milhões passem a ter
mais milhões, ao mesmo tempo que os milhões que têm pouco ou nada passem a ter
ainda menos.
Isso não
impede (pelo contrário) que, como é basilar no Jornalismo - não no (jorna)lismo
-, aqui se continue a dizer o que se pensa ser a verdade, mesmo que isso
desagrade aos donos do reino e aos donos dos donos.
“Nós temos
de lutar e dizer em voz alta, com respeito, respeitando a liberdade,
respeitando as pessoas, mas respeitando antes de mais a verdade”, apontou D.
Januário Torgal Ferreira.
Porque D.
Januário Torgal Ferreira teve o que no seu tempo não era raro, mas que hoje é
raríssimo, o privilégio de nascer com coluna vertebral, certamente que daqui a
alguns meses o vamos ver a repetir estas afirmações.
É claro que
ao bispo das Forças Armadas foi mais fácil dizer estas verdades. Desde logo
porque, ao que julgo, o actual (como o anterior) ministro da Defesa não o
despediu ou – como fez o governo anterior e o fará o actual - deu cobertura a
despedimentos colectivos nas Forças Armadas.
Eu sei que
caberia aos jornalistas (ainda há por aí alguns que teimam em dar voz a quem a
não tem) estar na primeira linha dos que, “com respeito, respeitando a
liberdade, respeitando as pessoas”, devem sobretudo “respeitar antes de mais a
verdade”.
No entanto,
por experiência própria, os jornalistas sabem que, neste reino lusitano, dizer
a verdade é mais de meio caminho andado para o desemprego. E tanto sabem disso
que com extrema facilidade trocaram as amizades do Largo do Rato pelas da Rua
de São Caetano.
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