quarta-feira, junho 06, 2012

Passos Coelho no Jardim Zoológico, já!


O Bispo das Forças Armadas portuguesas continua a partir a loiça. Até agora tem sido debalde. Mas, talvez um dia destes o Povo acorde e parta as fuças aos esclavagistas que se julgam donos do país.

D. Januário Torgal Ferreira confessou à TSF estar “profundamente chocado” com os agradecimentos de Pedro Passos Coelho à paciência dos portugueses, admitindo ter ficado com vontade de pedir ao povo para sair à rua para fazer a democracia.

D. Januário Torgal Ferreira lamentou que as acções e as palavras do actual Governo façam recordar outros tempos de “má memória”. Sobre a escumalha que comanda o reino, o Bispo das Forças Armadas diz que ela fala do povo português como um “povo amestrado” que “devia estar no Jardim Zoológico”.

O  bispo das Forças Armadas não se cansa de pôr o dedo no gatilho embora, ao que parece, os escravos portugueses não tenham já força para fazer o mesmo.

O bispo que teima em pôr os portugueses a pensar pela própria cabeça e a rejeitar qualquer intervenção cirúrgica que vise a substituição da coluna vertebral, não está com meias palavras e diz – por exemplo – que se Francisco Sá Carneiro fosse vivo caía para o lado. No entanto, como já morreu, deve estar – segundo D. Januário Torgal Ferreira - a dar voltas no túmulo já que, acrescenta, a austeridade é uma espécie de "terrorismo".

"A mim, também me dava jeito um desvio colossal. Depois em Março alguém pagava", disse, desconfiado das razões que levaram à decisão pelas novas medidas de austeridade. "Nada é explicado. Fico com uma grave suspeita sobre a verdade de tudo isto", acrescentou D. Januário Torgal Ferreira, em declarações à RTP.

"A Igreja tem de respeitar a justiça e lutar pelos direitos humanos. Não pode acatar qualquer acto terrorista", disse o bispo das Forças Armadas, quando confrontado com uma pergunta sobre a posição da Igreja face às novas medidas de austeridade. "Há vários tipos de terrorismo, o intelectual, o do medo", disse o bispo.

"Agora é assim? Em Fevereiro os reformados não vão receber. E em Março são os funcionários que ficam sem receber?", questionou. Mas o primeiro-ministro disse que lamentava ter de aplicar estas medidas, argumentou a jornalista da RTP. A resposta foi lapidar: "Já vi muita gente a lamentar e depois ir assaltar um banco. Ou a abandonar a mulher e os filhos e a dizer lamento".

Ao contrário de muitos, há muito tempo que D. Januário Torgal Ferreira entende que dizer o que pensa ser a verdade é a melhor qualidade dos homens de bem. Em Julho de 2010, por exemplo, já afirmava  que não entendia bem as medidas de austeridade impostas pelo Governo de então, avisando que poderiam ter elevados os custos sociais.

“É preciso ter muito cuidado. Porque é nestas horas que se fazem grandes fortunas. E, sobretudo, é nestas horas em que os mais pobres ficam mais pobres e alguns ricos ficam muitíssimo mais ricos”, disse o prelado no Funchal, à margem da comemoração dos 58 anos da Força Aérea Portuguesa.

Pois é. Mais uma vez o bispo tinha razão. José Sócrates foi filosofar para outra freguesia e o seu sucessor adoptou o mesmo receituário, variando apenas a cor do papel da receita.

De facto, tal como o PS, o PSD tudo faz para que os poucos que têm milhões passem a ter mais milhões, ao mesmo tempo que os milhões que têm pouco ou nada passem a ter ainda menos.

Isso não impede (pelo contrário) que, como é basilar no Jornalismo - não no (jorna)lismo -, aqui se continue a dizer o que se pensa ser a verdade, mesmo que isso desagrade aos donos do reino e aos donos dos donos.
  
“Nós temos de lutar e dizer em voz alta, com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas, mas respeitando antes de mais a verdade”, apontou D. Januário Torgal Ferreira.

Porque D. Januário Torgal Ferreira teve o que no seu tempo não era raro, mas que hoje é raríssimo, o privilégio de nascer com coluna vertebral, certamente que daqui a alguns meses o vamos ver a repetir estas afirmações.

É claro que ao bispo das Forças Armadas foi mais fácil dizer estas verdades. Desde logo porque, ao que julgo, o actual (como o anterior) ministro da Defesa não o despediu ou – como fez o governo anterior e o fará o actual - deu cobertura a despedimentos colectivos nas Forças Armadas.

Eu sei que caberia aos jornalistas (ainda há por aí alguns que teimam em dar voz a quem a não tem) estar na primeira linha dos que, “com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas”, devem sobretudo “respeitar antes de mais a verdade”.

No entanto, por experiência própria, os jornalistas sabem que, neste reino lusitano, dizer a verdade é mais de meio caminho andado para o desemprego. E tanto sabem disso que com extrema facilidade trocaram as amizades do Largo do Rato pelas da Rua de São Caetano.

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