"Do silêncio à palavra
O Jornal de Angola é,
por todos consabido , ser órgão do governo angolano . Cremos ser este o motivo,
sub-reptício, por que pôde descer tão
baixo na crítica que dirige a algumas
personalidades cabindesas, aproveitando-se, despudoradamente, dos nossos
conterrâneos, ex-guerrilheiros, trazidos por Bento Bembe para os seus sórdidos
intentos. Conterrâneos estes que vivem na espelunca do Yabi, entregues à sua
sorte e, indiscutivelmente, com as marcas do passado.
Em jeito de pretensas entrevistas a Lelo Congo, Futuro e
outros por aparecer, os 3 generais e dois jornalistas que estiveram no Yabi, têm orquestrado,
nestes últimos dias (cfr. JA dia 01/02/4/5) uma série de ataques a figuras conhecidas de Cabinda, sobretudo, o
deputado Raul Danda, Belchior Tati, Raul
Tati, Casimiro Congo, Félix Sumbo, Alexandre
Sambo e outros.
Pensamos, no princípio, calarmo-nos! Mudamos, no entanto, de
opinião, porque como se ousa dizer que qui
tacet consentire videtur (quem se cala (vê-se) que consente.
Por que só agora?
Há muito que aqueles aldrabados e desterrados vegetam no Yabi a viverem na mais completa indecência e
abandono. Admira-nos que só, agora, se tira da cartola uma série de acusações,
que cheiram a crimes contra a segurança do Estado e descobrem que somos nababos
à custa de dinheiros extorquidos à luta do povo de Cabinda. Sabemos,
perfeitamente, que esta série de textos repetitivos, enfadonhos, desajeitados,
confusos e de português a Roque
Santeiro, revelam, primeiro, a concepção
que uma certa casta de intocáveis angolanos têm das eleições de 31 de
Agosto; segundo, da política de resolução do Caso- Cabinda e, terceiro, da
impunidade que estes gozam no cenário angolano. Finalmente, importa vender a imagem de que os cabindas não têm nem
segredo e nem personalidade; comem-se mutuamente por alguns parcos patacos
Quem é, afinal, o cabinda para o governo angolano?
Todos os homens de boa-vontade, até os angolanos genuínos,
que lêm o Jornal de Angola, interrogam-se
sobre o lugar dos cabindas no contexto angolano. Temos a plena consciência de
que a cidadania não é só uma série de deveres, mas, também, de direitos. Ora, a
maneira como o Jornal de Angola recria, manipula as nossas vidas e as
propagandeia (na sexta-feira, 1Junho, o jornal era distribuído aos montes nas Finanças e arredores) desvela
o traslado que o governo de Angola tem do
cabinda: simples objecto que pode
deitar ao lixo; simples animal a abater. Se fôssemos considerados angolanos
jamais o Jornal de Angola teria a
veleidade de, constantemente, publicar textos que atentam, profundamente, não
só ao pudor político como, também, à dignidade humana. Não acreditamos que o
MPLA de Agostinho Neto e de Viriato da Cruz embarque nesta ínvia onda política.
O que vamos fazer?
Não é a primeira vez que o Jornal de Angola, governamental, move estas cruzadas contra os filhos do Povo
de Cabinda. Achamos que é chegado o momento para, diante de um juiz,
esclarecermos, de uma vez para sempre, este ódio de morte vazado num jornal, subsidiado
com os dinheiros dos nossos impostos. Somos simples David diante de um Golias. Estamos
confiantes, porém, que ainda há juízes,
nesta Angola dos Angolanos, que não são iníquos e que farão justiça. A política não é só aquela pequena-baixa, mas,
também, e sobretudo, aquela alta-nobre que promove o respeito pelo adversário e
o bem-comum. Temos a plena consciência,
como foi em 2008, que estes textos são um vaticínio do que acontecerá depois
das eleições: a prisão de mais outras personalidades cabindesas e julgamentos à
maneira do poder popular. É verdade! «Só assim é que Cabinda é Angola»!
Félix Sumbo (jurista)"
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