Uma coisa a
que só com muito, mas mesmo muito, esforço se poderá chamar jornal, e que dá
pelo nome de “Factual” diz numa das suas edições: “Kamalata Numa com saudades
pretende voltar à guerra”.
Poderiam, ao
menos, ser originais. Mas nem sequer conseguem. Os mestres do Jornal de Angola
e do MPLA (são uma e a mesma coisa) não ensinaram mais e, por isso, todos não
conseguem contar até 12 sem terem de se descalçar.
Há pouco
mais de um ano, o secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão Pinto de
Andrade, afirmava que as armas e munições encontradas no navio americano Maersk
Constellation, retido no Lobito, pertenciam à UNITA, apesar de se destinarem ao
Quénia.
De quando em
vez, ou seja sempre que dá jeito, o regime angolano faz destas descobertas.
Já em
Fevereiro de 2008, numa entrevista à LAC - Luanda Antena Comercial, o então
ministro da Defesa angolano, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA
mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo
de voltar à guerra.
Kundi
Paihama afirmou na altura, ao seu melhor e habitual estilo, que os antigos
militares do MPLA, "se têm armas", não é para "fazer mal a
ninguém" mas sim "para ir à caça".
Alguém sabe
se esses antigos militares caçadores já devolveram as armas? Não. Ninguém sabe
até porque essas armas ao estarem na posse de gente do regime estão,
obviamente, em boas mãos.
Quanto aos
antigos militares da UNITA, o governante disse que a conversa era outra, e
lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto.
Importa por
isso perguntar: Então malta da UNITA? O que é que é isso? Têm para aí um
arsenal de metralhadoras debaixo da cama para quê? Não é para caçar, com
certeza. E julgavam vocês que os Kundi Paihamas do regime não descobriam?
Francamente...
Na entrevista
à LAC, citada pelo site Angonotícias, Kundi Paihama disse textualmente:
"Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas".
Disse e é
verdade. Todos sabemos que o meu amigo Alcides Sakala, por exemplo, tem na sua
secretária 925 Kalashnikov, para além de 423 mísseis Stinguer.
E o meu
amigo Lukamba Gato? Da última vez que estive com ele trazia na mala aí uns 14
órgãos Staline (a mim pareceu-me serem mais uns katyushas), para além de me ter
mostrado no porta bagagens do carro, oito tanques Merkava de fabrico israelita.
"Eu
tenho muitos dados na qualidade de Ministro da Defesa (...) mas não posso
revelar publicamente", indiciou o ministro da Defesa, que disse ainda
acreditar que há dirigentes da UNITA interessados num regresso à guerra.
Recordam-se?
O ministro
da Defesa não pode, disse, revelar o que sabe. No entanto, o Alto Hama está em
condições de revelar o que Kundi Paihama sabe. Para além dos casos referidos
(Sakala e Gato), Isaías Samakuva nunca sai à rua sem levar no bolso três
tanques ucranianos, modelo T-84.
Adalberto da
Costa Júnior esconde no seu fato, de puro corte inglês, pelo menos sete mísseis
norte-americanos Avenger.
O melhor é
ficar por aqui. É que Kundi Paihama também sabe que eu tenho um tanque alemão
Leopard 2 na minha cozinha, disfarçado de máquina de lavar louça...
Tal como
mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelamente às
enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim
do mundo. Além disso, nos areópagos internacionais vai deixando a mensagem de
que ainda existem por todo o país bandos armados que precisam de ser
neutralizados e outros que estão ansiosos por voltar aos tiros.
Aliás, como
também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar
uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil.
E, como
também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em
contrário.
Por alguma
razão o regime reactivou as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de
Luanda e nas capitais provinciais, estando tudo pronto para, inclusive,
distribuir armamento ligeiro aos seus efectivos para defesa da população civil.
Por alguma
razão Bento Bento acusa a UNITA de liderar, em aliança com alguns partidos da
oposição, nomeadamente o Bloco Democrático e alguns Partidos da Oposição Civil
(POC's), um plano para "derrubar o
MPLA e o seu líder, José Eduardo dos Santos".
Segundo
Bento Bento, o plano tem em vista unicamente "sabotar a realização das
próximas eleições em Angola". "Infelizmente entre os executores dessa
conjura consta um deputado, que de manhã à noite instiga a sublevação contra as
instituições, contra as autoridades e contra o MPLA, o senhor Makuta
Nkondo", acusou ainda o político.
Nesse
sentido, Bento Bento pediu aos militantes do seu partido para que controlem
"milimetricamente" todas as acções da oposição, em especial da UNITA,
para não serem "surpreendidos".
Sempre que
no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, a possibilidade
de alguma mudança, o regime dá logo
sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA a
governar o país.
Para além do
domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros, o
MPLA aposta forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no
clima de terror e de intimidação.
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