O Presidente
de Angola, há 33 anos no poder sem nunca ter sido eleito, e líder do MPLA disse,
em Luanda, ter chegado a hora de "crescer mais e distribuir melhor".
Falando no Comité
Central do MPLA, partido que está no poder desde 11 de Novembro de 1975, José
Eduardo dos Santos recuou até às promessas para as eleições de 2008,
confortavelmente vencidas (até com os votos dos mortos) pelo MPLA, que obteve
cerca de 80% dos votos, considerando que o balanço é positivo, dando como
exemplo as "realizações e os empreendimentos inaugurados quase todas as
semanas".
"O país
está de facto a mudar para melhor e há avanços e crescimento em todos os
domínios", mas para o MPLA, defendeu, importa que "o desenvolvimento
social seja tão dinâmico como tem sido o crescimento económico".
Ou não se
estivesse em campanha eleitoral, o dono do país diz que "muito ainda está por se fazer", mas
mostrou-se convicto da "nova Angola" que está a surgir, "pronta
para iniciar uma nova etapa da sua história, na qual todos os nossos esforços
estarão voltados para os mais desfavorecidos, aqueles que mais sofrem porque
têm pouco ou quase nada".
Por outras palavras
e porque o MPLA é Angola e Angola é o MPLA, o partido só precisa de estar no
poder aí mais uns 30 anos para que, como dizia Agostinho Neto, o importante
volte a ser a resolução dos problemas do Povo.
Sem se
comprometer com metas (assim recomendam os seus assessores brasileiros e
portugueses), como sucedeu nas promessas de criação de empregos ou a construção
de um milhão de casas, feitas em 2008, José Eduardo dos Santos diz agora algo mais
vago mas dentro das bitolas dos estados de direito (coisa que Angola não é).
Isto é, o futuro passa por um Programa
de Estabilidade, Crescimento e Emprego.
"Através
dele vamos unir, ampliar e acelerar as iniciativas destinadas a garantir mais
empregos, aumentar a oferta de água e energia, melhorar os serviços de Educação
e Saúde, a estimular a produção nas zonas rurais e a incentivar a criação e o
fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas angolanas", explicou
Eduardo dos Santos.
E, como não
poderia deixar de ser, o presidente garantiu que o MPLA "fará a sua parte
para a manutenção de um clima de paz, tolerância, harmonia e confiança" no
processo eleitoral em curso.
E fará com
certeza. Ninguém duvida que os mortos vão voltar a votar no MPLA, ou que em
algumas secções vão aparecer mais votos do que eleitores inscritos. Tal como
ninguém duvida que na maioria dos areópagos políticos mundiais, começando por
Lisboa, o discurso de felicitações pela vitória do MPLA já está escrito.
Creio,
sinceramente, que o MPLA só não resolveu os problemas do Povo porque os oitenta
e tal por cento conseguidos nas eleições anteriores foram insuficientes. Será
preciso o quê? 110%? Se é isso basta agora esperar pelos resultados de 31 de
Agosto.
José Eduardo
dos Santos disse no dia 6 de Outubro de... 2008 que o Governo ia aplicar mais
de cinco mil milhões de dólares num programa de habitação que inclui a
construção de um milhão de casas.
A construção
de um milhão de casas para as classes menos favorecidas de Angola e jovens foi,
aliás, uma das promessas da então campanha eleitoral mais enfatizadas pelo
Presidente da República de Angola e do MPLA.
José Eduardo
dos Santos admitia, modesto como é, que "não seria um exercício
fácil", tendo em conta que o preço médio destas casas, então calculado em
cerca de 50 mil dólares. Apesar de tudo, com a legitimidade eleitoral de quem
só não passou os 100% de votos porque não quis, assegurou que "já se
estava a trabalhar" nesse sentido.
No seu
discurso de então, Eduardo dos Santos observou que a escolha de Luanda para
acolher o acto central do Dia Mundial do Habitat tinha a ver com o
reconhecimento pela mais alta instância internacional (ONU) da filosofia e
estratégias definidas pelo Governo angolano no seu programa habitacional para o
período 2000/2012 e que já estava, disse, a ser aplicado.
"O
objectivo dessa estratégia é proporcionar melhor habitação para todos, progressivamente,
num ambiente cada vez mais saudável", disse Eduardo dos Santos. Não sei se
ainda alguém se recorda disso... Mas se não se recorda, aí está agora a mesma história.
Nesta
perspectiva considerou que o executivo de Luanda estava em "sintonia"
com as preocupações e a "visão" da organização das Nações Unidas,
quando coloca como questão central, como necessidade básica do ser humano,
fundamental para a construção de cidades e sociedades justas e democráticas, a
questão da habitação.
Ora nem
mais. A habitação como barómetro de uma sociedade justa e democrática.
Segundo
Eduardo dos Santos, "em Angola, como em quase todo o mundo, o fenómeno da
urbanização veio acompanhado de grandes problemas ambientais, tais como a
produção de resíduos domésticos e industriais, a poluição, o aumento do consumo
da energia e água e o surgimento de águas residuais".
"Para
evitar ou minimizar-se esses problemas impõe-se a adopção de uma política
ambiental rigorosa e abrangente", apontou o presidente, garantindo que o
combate ao caos urbanístico que se instalou nas cidades e no território em
consequência da prolongada guerra civil, está a ser feito através de modelos
integradores, geográficos, económicos e ambientais.
A atenção
estava, ainda segundo o dono do país, centrada na "construção ilegal e não
autorizada" e também numa política que procura "evitar assimetrias
regionais e o abandono do interior".
Eduardo dos
Santos frisou ainda que as "linhas de força" traçadas pelo Governo
estavam orientadas para uma "cooperação activa" entre a administração
central e local do Estado, entre o sector público e o privado, com vista à
execução de uma nova política que contribua para "a geração de empregos,
para o desenvolvimento harmonioso dos centros urbanos, para a eliminação da
pobreza e da insegurança, e para a eliminação também das zonas degradadas e
suburbanas".
Em termos de
discurso é caso para dizer que nem Ben Ali, Hosni Mubarak, Robert Mugabe, Hugo
Chávez, Muammar Kadhafi ou Passos Coelho diriam melhor.
O presidente
anunciou igualmente na altura (2008) que será "cada vez mais
acentuada" a preocupação com a urbanização das cidades angolanas e que
serão "incentivadas políticas que diminuam a circulação automóvel nos
centros dos grandes aglomerados urbanos.
Foi bonito,
não foi? É quase poesia. Tão bem escrita e declamada quanto o facto de numa
Assembleia Nacional constituída por 220 deputados, o MPLA ter 191. Ou melhor, a
UNITA ter 16 deputados, o PRS oito, a FNLA três e a ND dois.
2 comentários:
viva o nosso querido poetico,o futuro começa agora,sempre agora, e nada melhora.
Os adeptos alemães chamaram durante todo o jogo macaco ao Nani e as Censuras da RTP, SIC, TVI e SPORTV, proibiram a divulgação desse facto indesmentível!!!
Falam contra a Censura da Coreia do Norte e eles fazem o mesmo, parece que estamos na Coreia do Norte!
Vencemos a Dinamarca por 3-2.
É interessante o blog.
O excelentíssimo António Borges quer que os salários de fome passem a ser salários de muita fome. Mas ele ganha um salário muito interessante e é mais um «moralista», no dia 11 de Junho de 2012, fartou-se de pregar a sua moral para os outros, mas que não usa para si próprio, na RTP1, depois da 22.30.
O LAZER É ÓPTIMO, O PIOR É QUANDO FALTA O SUBSÍDIO DE FÉRIAS.
Um programa recente da SIC Notícias disse mentiras sobre o caso «Equador», que tem frases inteiras copiadas de «Cette nuit la liberté».
MST é um «moralista» anti-Esquerda.
É sempre bom conhecer melhor um «moralista».
A Censura anda muito activa nos comentários dos blogs. Espero que deixe passar este comentário.
Em www.anticolonial21.blogspot.com está a verdade inconveniente sobre a cópia de partes de «Cette nuit la liberté» por Miguel Sousa Tavares para o livro «Equador».
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