domingo, fevereiro 03, 2008

Seca no sul de Angola não afecta
“paihamas” do poder luandense

A prolongada seca que abrange o sul de Angola levou o governador da Huila, Ramos da Cruz, a lançar um apelo no sentido de ser encontrada uma solução de emergência para a já evidente crise alimentar. Se não fosse o drama de quem nada tem a ver com a macro-política de Luanda, quase apetecia repetir a receita do ministro da Defesa que em tempos aconselhou os angolanos de segunda a comer farelo porque, segundo Kundi Paihama, “os porcos também comem e não morrem”

A par do apelo ao governo angolano para intervir em socorro das populações, Ramos da Cruz, numa visita às zonas mais afectadas pela seca, pediu ainda uma reunião aos governadores das outras províncias afectadas para trabalharem em conjunto na procura de uma solução.

Ramos da Cruz admitiu a "incapacidade local" para dar resposta ao cenário de crise que o sul de Angola está a atravessar. Na Huila já foram registadas as mortes de quatro pessoas e há milhares de famílias em "dificuldades extremas".

Na vizinha província do Namibe, já se contam milhares de cabeças de gado perdidas e em Benguela as colheitas estão total ou quase totalmente destruídas em vários municípios, deixando milhares de pessoas numa situação de "extrema penúria alimentar".

Na resposta aos apelos das autoridades provinciais do sul de Angola, o ministro da Agricultura, Afonso Kanga, reafirmou existirem condições garantidas para a assistência alimentar às famílias afectadas pela extensa estiagem que o país vive nas suas regiões mais austrais.

Também algumas Organizações Não-Governamentais (ONG) a trabalhar no sector da segurança alimentar nas províncias afectadas pela seca, apelaram para que o governo central crie com urgência um programa de ajuda alimentar para fazer face ao cenário de crise em curso.

As ONG salientam, segundo a Agência Lusa, que não têm actualmente possibilidade de prestarem assistência alimentar por falta de financiamento e de um programa conjunto com o governo, recordando que os próximos dois meses são de grande melindre para milhares de famílias.

As províncias mais afectadas pela seca são Benguela, Huila, Namibe, Kwanza-Sul, Cunene e Kwando Kubango, onde as actuais colheitas estão integralmente, ou quase, comprometidas.

Enquanto isso, mais acima, onde Angola é Angola (o resto é paisagem), ou seja em Luanda, os políticos do poder e boa parte dos das oposição continuam a ter várias refeições por dia, todas bem nutridas e regadas. Todos, incluindo Kundi Paihama que recentemente, recorde-se, disse que comia do bom e do melhor e que as sobras iam para os seus cães e não para os pobres.

2 comentários:

A. João Soares disse...

É chocante ver populações numerosas a passarem por tão graves carências, esperando ajuda estrangeira, num País tão rico em petróleo, diamantes, minérios e produtos agro-pecuários, e em que os seus mais altos dirigentes acumularam riquezas que os colocam ao nível dos mais ricos do mundo e em que tanta comida de lta qualidade é desperdiçada.
Falta de humanidade, de sentimentos, de sentido de responsabilidade que devia ser inerente aos governantes conscienciosos.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Pelos vistos a unita já indicou o chefe do grupo de acompanhamento para as declarações do Camarada Kundy até as eleições, por isso, os meus parabéns ao Sr. Orlando, é pena que o seu contributo seja realmente nada no meio do universo do que os Angolanos precisam realmente de saber.