segunda-feira, outubro 19, 2009

Angola de uns, Angola de quase todos (II)

A propósito do texto anterior (A Angola de uns e a Angola de quase todos) o meu amigo Gil Gonçalves mandou-me o texto que se segue, publicado também como comentário. Concordando ou não, é importante lê-lo e meditar. Está lá tudo.

«Agora estão maníacos com os prédios. Que mania lhes virá a seguir? Os prédios são prémios dos crimes nas noites altas, profundas como os cadáveres sem rosto. Tudo não passa de crimes e toda e qualquer acção praticada cai sempre, alça-se no crime.

São tantos governos que nos ordenam: o palaciano e presidencial, o dos deputados, o dos ministros, o dos generais, o dos novos-ricos, o dos portugueses, brasileiros e chineses.

São de facto muitos governos. É que diariamente a parolice, já ninguém sabe o que são leis. É uma grande algaraviada, não é?!

Na comemoração do seu aniversário o Presidente da República conviveu, enalteceu a miséria das populações do Panguila. O governo actua com a população como os governos ocidentais contra o terrorismo. O governo trata-nos como terroristas. Todas as empresas sem excepção fazem fugas ao fisco. O governo deixa-as em paz. Em contrapartida persegue as zungueiras. Atira-se à parte mais fraca. Finge que pune os que contrariam a lei.

Estes são os tempos mais violentos de que há memória. E eles, os tempos, continuarão, os governos apoiam, originam tão selvático estado de coisas que por pouco ficaremos inibidos de sairmos das nossas casas.

Por enquanto ainda podemos andar em algumas ruas. Quase que não passamos de inúteis traumatizados. Apenas nos lamentamos e afora isso pouco ou nada mais fazemos. Não tomamos opções, estamos como que amarrados no tempo. Deixamos as coisas andarem. Tornámo-nos cobardes porque nos deixamos condenar, escravizar por qualquer governo ou governante de meia-tijela. Para gáudio dos ditadores e dos seus falsos valores.

Onde há muita miséria, muita fome, muita opressão, nasce muito terrorismo. Por tudo isto… o terrorismo internacional avança notável, imparável.

Querem que lhes diga mais?! Magoa-me confessar mas, não existe outra saída. Vós sois os alimentadores. O terrorismo internacional vencê-los-á.

Intelectuais angolanos… desunivos!»

1 comentário:

Anónimo disse...

Um texto típico e frontal de Gil Gonçalves.
Só não sei se foi bom publicá-lo, ou seja, dar este relevo, dado que ele é um "opositor" marcado por ser demasiado frontal e lúcido.
Do que ele escreveu se houver alguma coisa que não corresponda à verdade será por deficiência e não por exagero.
Pude ver, sentir e confirmar in loco, recentemnte, os "assassínios" estruturais e culturais que se fazem lá e, nomadamente, quer na rua dele quer perto da vivenda dele.
Um grande kandandu ao Gil
ELAN