"Sem imprensa livre nenhum combate pode ser ouvido". Quem o diz é a organização internacional não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), fundada em 1985 pelo francês Robert Ménard. Exemplos onde existe imprensa livre são cada vez menos, como convém aos donos do poder.
Mas será, desculpem a dúvida, liberdade de imprensa ver a esmagadora maioria dos media a dizer que o rei vai elegantemente vestido quando, no país real, todo o povo diz que ele vai nu?
A RSF luta permanente contra a censura e todas as leis que restrinjam a liberdade de imprensa, não lhe faltando casos para análise, situações para debate e exemplos que levem a pensar que se trata de uma guerra em que os jornalistas usam fisgas e os donos do poder, político e económico, mísseis.
Mísseis que, aliás, têm a especial qualidade técnica de transformar jornalistas em produtores de conteúdos de linha branca que, ainda por cima, podem ser vendidos nos mesmos suportes (jornais, televisões e rádios), conferindo-lhes assim um rótulo de informação, de imprensa.
E se em muitos países da América Latina e de África a situação até é considerada normal, na Europa (continente que tem a mania de ser bom exemplo em tudo e para tudo) a coisa está também negra e os jornalistas estão a perder a guerra. E sendo eles derrotados, também a democracia e a liberdade vão ao fundo.
O presidente da Roménia, Traian Basescu, determinou que os jornais da televisão pública devem ter 50% de notícias porque, à antiga maneira comunista, ou à nova maneira socialista liberal, a informação quando feita à medidade e por medida é uma excelente e eficaz forma de manipulação.
Em Itália, de forma descarada, Berlusconi e os seus servos (alguns ditos jornalistas) controla os melhores horários em que na RAI 1 e RAI 2 passam as notícias de propaganda do Governo. Não são notícias, são anúncios publicitários. Mas como são supostamente feitos por jornalistas...
Em França, com outra substileza. o presidente Nicolas Sarkozy é quem manda em muitas redacções, usando para isso os favores dos seus apaniguados nos meios de comunicação social ou, é claro, os poderosos amigos que mandam nos grupos económicos proprietários desses meios.
E Portugal? Segundo a RSF, a liberdade de imprensa no reino de José Sócrates e seus muchachos diminuiu com uma queda do 16º para o 30º lugar na lista dos países que mais respeitam o trabalho dos jornalistas.
Portugal ainda não está, nesta matéria, ao nível do Brasil (71º), Moçambique (83º), Guiné-Bissau (92º), Angola (119º) ou Timor-Leste (74º).
Ainda...
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