terça-feira, outubro 13, 2009

É amigo do dono do jornal? Seja bem-vindo
à fábrica como jornalista, chefe ou director

O responsável da agência económica Bloomberg na China, Eugene Tang, defendeu em Pequim, no âmbito da Cimeira Mundial dos Média, que, “na era da Internet, qualquer pessoa com uma câmara e um telemóvel pode ser jornalista”.

Esta é, contudo, uma visão muito estreita e restritiva, sobretudo no que às ocidentais praias do reino lusitano respeita. Nestas bandas nem é preciso ter uma câmara e um telemóvel para ser jornalista. Para isso basta ser amigo do dono do jornal ou do director, por exemplo.

Eugene Tang falava perante responsáveis de 170 órgãos de informação que estiveram reunidos a 9 e 10 de Outubro para analisar os desafios e oportunidades que a era do digital e do multimédia coloca aos meios tradicionais: agências noticiosas, jornais, estações de rádio e de televisão.

A posição expressa por Tang – de que os jornalistas são uma classe condenada a curto prazo (onde é que eu já li a mesma coisa?) – foi rebatida pelo presidente da agência noticiosa alemã DPA, para quem “um cidadão-jornalista nunca pode substituir um verdadeiro jornalista”.

Pois é. Mas onde estão os verdadeiros jornalistas? E será que os donos dos meios estão interessados, dentro da filosofia das linhas de produção de textos de linha branca, em ter jornalistas?

“Quando temos um problema em casa procuramos um canalizador profissional e não um cidadão-canalizador”, comparou Malte von Trotha.

Comparou bem. O problema está que para os donos dos meios, tal como para os donos do país, os portugueses são burros e comem tudo o que lhes é dado. E se assim é, tanto faz um texto escrito por um jornalista como por um cidadão-jornalista. Além de tudo, o cidadão-jornalista até trabalha mais barato ou de borla. Portanto...

Ainda segundo Eugene Tang, a grande maioria ou mesmo a totalidade dos jornais norte-americanos corre risco de extinção nas próximas duas décadas, devido ao rápido desenvolvimento dos novos média.

Embora concorde com Eugene Tang, creio que o problema principal está no facto de os jornais, neste caso, serem meras empresas comerciais que, em função do seu único objectivo –o lucro, querem mão-de-obra barata para apenas se preocuparem com a informação em série, sem cuidarem da formação, e muito menos com a deformação das sociedades.

O futuro da imprensa foi também focado pelo presidente da agência noticiosa japonesa Kyodo, Satoshi Ishikawa, segundo quem o declínio dos jornais no Japão “não tem sido tão acentuado como noutros países”, talvez porque quase 100 por cento das tiragens da imprensa é entregue no domicílio, em lugar de estar à venda nas bancas.

Ainda assim, reconheceu Satoshi Ishikawa, as receitas publicitárias diminuíram 9,7 por cento no primeiro semestre deste ano, havendo cada vez menos jovens a ler jornais.

A Cimeira Mundial dos Média foi uma iniciativa da agência noticiosa oficial chinesa Xinhua (Nova China), com o apoio de oito grandes empresas mundiais do sector, caso da BBC, da Reuters, da Time Warner e da News Corporation.

Em Portugal basta ter dinheiro para ser dono de um jornal e, é claro, para ditar as regras, para lá mandar pôr (com a servil anuência do director) o que muito bem entender, sejam as fotografias da sogra, do rafeiro ou da amante.

Importa, por exemplo, não esquecer que os Jornalistas (se é que essa espécie ainda existe) não se podem opor a “modificações formais introduzidas nas suas obras” pelos seus superiores hierárquicos (os tais), mesmo que estes tenham surgido das mais aviltantes e putrefactas sarjetas.

Essa coisa do direito à liberdade de criação e do direito à liberdade de expressão é algo, convenhamos, que não se encontra nas sarjetas onde muitos deles fizeram a sua formação, certamente como brilhantes cidadãos-jornalistas.

Em Portugal, por exemplo, é possível ao capataz pôr tudo do avesso e atribuir essa estratégia a um autor que, afinal, nada tem a ver com a questão.

Tudo isso porque o Estado concede, e o patrão agradece, expressamente à estrutura hierárquica das linhas de montagem a faculdade de alterar, sem consentimento do autor, os trabalhos originais criados, desde que aquela invoque, "designadamente", "necessidades de dimensionamento (...) ou adequação ao estilo" do órgão de informação.

Em síntese, e por uma questão de “adequação ao estilo” deste blogue, será possível (quase) tudo, desde adulterar até manipular, passando pela censura e terminando na nova regra de ouro: comer e calar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Convém reflectir também, neste artigo de João Brito de Sousa:

Os entendidos nestas matérias da Economia, dizem agora que a Economia Global "parece estar a vir ao de cima". Pelo menos foi isto que disse em Berlim, o Presidente do FMI, o senhor Dominique Strauss-Kahn, que aconselhou os países a começar a planejar uma redução de estímulos.

Parece-me tudo isto uma grande "treta", apesar de reconhecer alguma credibilidade às leis da Economia, sobretudo àquela que aprendi nas aulas do Dr. Uva na Escola Comercial em Faro, onde o Prof. explicava com o seu ilimitado talento, que, se a procura aumenta os preços sobem e, se, pelo contrário, a procura diminui os preços baixam. E é mais ou menos na explicação desta fenômeno do aumento ou diminuição da procura de bens que a Economia se situa e procura um lugar entre as ciências.

Mas voltando um pouco atrás, é absolutamente descabido, na minha opinião, premiar com estímulos os gestores de uma economia em crise, porque os estímulos são ótimos para quem os recebe mas não proporcionam ao mercado melhores e mais razoáveis condições de aquisição dos bens por parte dos consumidores.

Algo esta errado no reino da Patagônia.

Estou convencido, cada vez mais, sem possuir dados concretos nas mãos, que as crises na Economia como na política, são provocadas pelo homem, ou por um conjunto deles, poderosos claramente e com força suficiente para mudar os destinos das nações.

Por isso achei estranho que há poucos dias no DN, o Dr. Mário Soares venha atacar a política do PSD, nomeadamente acusar a Drª Manuela Ferreira Leite disto e daquilo e dois ou três dias depois ler no mesmo jornal que a Drª Leite e o Dr Manuel Pinho (aquele que simulou no Parlamento, com os dedos das mãos um par de cornos) tinham estado em Londres a convite do Dr. Pinto Balsemão, na conferência anual do chamado Grupo dos Bilderberg.

Ora, há 55 anos que poderosos e dos mais influentes líderes da Europa e dos Estados Unidos da América, se encontram nestas reuniões do grupo Bilderberg, estando nelas, membros de Governo, especialistas em defesa, empresários dos meios de comunicação social, banqueiros, economistas, líderes políticos e membros das famílias reais, que se juntam para definir as linhas políticas para o mundo.

Diga-se de passagem que Francisco Pinto Balsemão é membro permanente nessas reuniões e já conseguiu trazer uma para Sintra. E é ele ainda que tem a incumbência de seleccionar os portugueses que devem estar presentes, que, neste caso foram Ferreira Leite e Manuel Pinho.

O Dr. António Arnaut disse uma vez, que se viu obrigado a desligar-se da política para não ser insincero, uma atitude de enorme carácter e nobreza. De resto, ninguém mais teve a coragem de o fazer. E era preciso. Ou seja, deveríamos todos saber qual o nosso destino com estes Bilderberg no activo.

Ou não será assim?...

Agora digo eu:- Grande jornalista!
Ainda por cima, sendo Balsemão o President of a European publisher Council! já se vê a quem esses jornalistas e falo de portugueses, obedecem!