Sim, creio que Portugal precisa da regionalização como qualquer comum dos mortais precisa de pão para a boca. É urgente passar muito do que o poder central faz de forma deficiente, muitas vezes até mal, para um novo poder local que o pode fazer muito melhor.
Todos, ou quase, reconhecemos que Portugal está muito melhor do que há dez anos, mas não deixa de ser igualmente verdade que continua longe de convergir com a União Europeia.
E a divergência acontece apesar dos vinte e tal anos de integração e dos muitos mil milhões de euros de fundos estruturais que passaram para o lado de cá.
Aliás, bastaria ver os muitos casos de assimetrias regionais que pululam por todo o lado. O rendimento médio per capita da área mais rica do país (a grande Lisboa), é o triplo do rendimento da mais pobre (Serra da Estrela e Pinhal Interior).
Creio que, apesar de algumas oscilações, falar da Irlanda continua a ser um bom exemplo, sobretudo porque quando aderiu à UE estava ao nosso nível e agora é dos que mais altos rendimentos tem por habitante.
Convenhamos, reconhecendo substanciais melhorias, que os problemas demográficos de Portugal continuam bem visíveis, tal como continuam bem visíveis zonas interiores que passam ao lado do desenvolvimento.
Tanto quanto parece, a descentralização já deu o que tinha a dar. É preciso ir mais longe. Mesmo que se decida aprofundar a descentralização para as Câmaras, isso não será suficiente. Urge criar e avançar no sentido de novas autarquias regionais.
Não creio também que seja pelo referendo que se deve decidir se haverá ou não regionalização. Isto porque quem tem privilégios com o actual estado da nação não os vai querer perder. Será, com certeza, a opção de mais de 30 por cento da população portuguesa que vive na região mais rica, a grande área metropolitana de Lisboa.
Nota: Texto também publicado em:
Sem comentários:
Enviar um comentário