quarta-feira, outubro 21, 2009

A vénia dos sipaios portugueses
ao novo chefe de posto angolano

Os donos de Angola (a família Eduardo dos Santos e mais meia dúzia de amigos generais) estão também a comprar Portugal. Fazem bem. Se o país está à venda e há compradores... é a regra do mercado a funcionar.

Tirando o facto de a maioria dos angolanos passar fome e de cada vez mais portugueses seguirem o mesmo caminho, tudo o resto é normal. Quintas, vivendas, bancos, empresas etc. fazem parte do cada vez maior leque de interesses dos poucos angolanos que têm milhões.

Ainda bem. Recorde-se que, ao contrário do que quase todos os portugues e angolanos pensavam, José Eduardo dos Santos é cidadão português. Quem o diz é o próprio primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, quando afirma que a venda de parte da Galp a José Eduardo dos Santos se deveu ao facto de não querer que a empresa fosse para mãos de estrangeiros...

Tirando o facto de a maioria dos angolanos passar fome e de cada vez mais portugueses seguirem o mesmo caminho, é normal que os donos do poder (sobretudo económico) estendam as suas garras a outros países. E ainda bem que consideram Portugal uma boa escolha. O reino luso a norte de Marrocos só tem a ganhar com estes investimentos. Depois de 500 anos de colonização já era tempo de ser o colonizador a ser colonizado.

Tirando o facto de a maioria dos angolanos passar fome e de cada vez mais portugueses seguirem o mesmo caminho, importa acrescentar que a economia portuguesa está a ficar nas mãos da economia angolana e, pelo andar do que é conhecido, um dia destes ainda vamos ter outras grandes surpresas.

Tirando o facto de a maioria dos angolanos passar fome e de cada vez mais portugueses seguirem o mesmo caminho, Portugal vai assistir ao nascimento de novas estruturas empresariais, em quase todos os sectores – incluindo os da comunicação social – de modo a que seja mais fácil aos donos do poder em Angola dizer aos escravos portugueses como devem fazer as coisas para agradar ao colono angolano.

Tirando o facto de a maioria dos angolanos passar fome e de cada vez mais portugueses seguirem o mesmo caminho, fico à espera de ver mais alguns (sim, que já há muitos) sipaios portugueses fazerem a vénia ao chefe do posto angolano porque se o não fizerem sujeitam-se a “fuba podre, peixe podre, 30 angolares e porrada se refilarem”.

4 comentários:

Gil Gonçalves disse...

Sondagem
Como é que se acaba com a ditadura em Angola?

Manifestações
Greves
Desobediência civil
Luta armada

Gil Gonçalves disse...

O senhor dos escravos e a hipocrisia ocidental
Assim como está não dá. Já se ultrapassaram todos os limites humanos do suportável.
Pois… isto terminará fatalmente em grande confusão. Porque já as gentes rangem os dentes e esforçam os punhos. Eu não estou, ninguém está disposto a aturar este neocolonialismo descarado. Claro que acabará, tem que acabar em brutal desordem.

Os cobertores ocidentais, orientais e nacionais apostam na eliminação da população angolana. É ver os campos de concentração a que chamam Zangos. Multinacionais e nacionais roubam e protegem-se. Há muito pouco tempo os SME-Serviços de Migração e Estrangeiros detiveram dezasseis europeus ilegais numa empresa. Passadas duas horas alguém telefonou e libertaram-nos.

Brasileiros e portugueses descaradamente roubam-nos os empregos. É ver o que fazem na secção do bilhete de identidade do Palácio. Até o chefe de informática angolano afastaram e no seu lugar colocaram uma portuguesa. Não dá para brincar… os vencimentos desta gentalha? Apenas dez mil dólares mensais e demais mordomias. E os brancos chegados a beberem café, água mineral, sumos, bolachas e demais tralhas da desordem. E a negralhada abandonada numa cave tão gelada que mais parece outro navio negreiro e que já não aguentam tantos maus tratos… nem direito têm a água mineral.
Revoltar é preciso!

Calcinhas de Luanda disse...

Receio que o discurso dos brancos versus negralhada leve a interpretações incorrectas. Não me parece que todos os brancos sejam uns patifes, como também os negros não são todos matumbos. Aliás foi na incapacidade de se travar o discurso anti-branco em Angola (em 1974-75), discurso este que tinha a sua razão lógica no discurso anti-negros da maioria dos brancos durante o período colonial, que se perderam muitos quadros qualificados em Angola.
Quem ficou a perder com isso? Honestamente, a maioria da população pobre, que tem a cor da pele negra. Os brancos "marcharam" e a grande maioria governou a sua vida.E maioria dos angolanos?
Como a evidência histórica o tem demonstrado, discursos racistas acabam mais cedo ou mais tarde por dar asneira. E são sempre um campo fértil para oportunistas tomarem o poder. O que hoje se verifica em Angola é precisamente isso. "Negros bons" tomaram o poder e afastaram os "brancos maus". Hoje em dia vemos que os "negros bons" são uns patifes e que apareceram outros "brancos maus" (se calhar muitos até são os mesmos de antigamente)e parece ter ficado tudo na mesma. Ora aqui é que está o busílis da questão! É que grosso modo o controlo do poder em Angola foi feito ao abrigo da necessidade dos "negros bons" tomarem o poder. As pessoas tomaram o poder, ou tiveram capacidade de movimentação política porque eram de facto os "politicamente correctos" ou "os politicamente bons". Nunca interessou saber-se se as pessoas eram ou não competentes e capazes, mas apenas se tinham a cor da pele adequada. As críticas que hoje se fazem acabam por, no fim, afinar pelo mesmo diapasão. Na sua essência básica está-se apenas perante uma variedade de racismo.
Continuando-se esse percurso, haverá como resultado, mais ano menos ano, outra purga baseada no que facilmente se apreende à primeira vista, vão ser "limpos os brancos" porque se vêm à distância, os bakongos porque são primos lá da outra banda, os bailundos porque são uns chatos e gostam muito da UNITA, etc., etc., etc.
Quem manda em Angola é quem sempre lá mandou, grandes grupos económicos e empresariais portugueses. Apenas usam novos intermediários, agora com uma cor de pele "politicamente aceitável". É preciso misturar alguns daqueles rapazes do EME com os negócios do Muene Puto, pois assim seja, a Sonangol passa a ter interesses na Galp e vice-versa, junta-se a TAP com a TAAG e com mais um tempero brasileiro via TAM, e por aí adiante... Isto não é uma questão de luta baseada na cor da pele! É uma luta que tem a ver com a cor da alma. Tem a ver com um capitalismo desenfreado e sem vergonha que utiliza África como terreno de saque. Isto só acontece porque os tais "negros bons" que tomaram o poder em Angola, tomada essa de poder que se baseia na cor da pele e não em competências, são os comparsas de tais abusos.
Numa casa compete ao dono da mesma definir as regras, se ele é incapaz ou se se vende a interesses externos, não serve para líder. Atirar as culpas para os outros é desculpa de incapazes. Logo se os portugueses e os brasileiros é que mandam em Angola, a culpa é dos governantes angolanos.
Não é dos portugueses e dos brasileiros.

Anónimo disse...

Tem razão Orlando... embora a norte, cada vez mais a sul de Marrocos! estamos a ficar encostados a Angola!