O segundo comandante da região militar centro, tenente general Fabiano Hiepa, reiterou hoje na cidade do Huambo, a necessidade do compromisso das Forças Armadas Angolanas em dar resposta aos grandes desafios de consolidar a paz, unidade e reconciliação nacional.
Pois é. Afinal, ao que parece, a paz ainda não está (e não está, de facto) consolidada.
E não está porque todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos há angolanos que morrem. E morrem enquanto nos luxuosos areópagos políticos do poder do MPLA se canta e ri de barriga cheia.
Pelos vistos, com ou sem acções de educação patriótica, o MPLA ainda não percebeu que, com perto de 70% da população a passar fome, não há paz que resista e muito menos que se consolide.
Creio, aliás, que o próprio José Eduardo dos Santos tem consciência de que as suas políticas, todas suportadas por uma máquina militar poderosa e por milhares de generais, não são uma solução para o problema angolano, são antes um problema para a solução.
E se Eduardo dos Santos não resolve o problema enquanto pode (leia-se enquanto for vivo), o mais certo é um dias destes haver em Angola uma das mais graves implosões da história.
Assim sendo, é pequeno o passo que é preciso dar para que os angolanos, irmãos de sangue, deixem de falar de barriga vazia e com saudades das espingardas. Deixem de transformar Angola numa gigantesca vala comum onde os angolanos são gerados com forme, nascem com fome e morrem pouco depois com e à fome.
Até agora, o MPLA teima em não perceber que num país onde não há pão... todos matam e todos morrem sem razão. Foi por isso que a guerra começou, é por isso que ela pode voltar.
E como se isso não fosse suficiente, a comunidade internacional acha legítimo que uns matem e outros morram, que uns sejam os bons e outros os maus, que uns sejam cidadãos de primeira e outros de segunda, que os cães de uns comam melhor que muitos angolanos.
Angola tem generais a mais e angolanos a menos. Angola tem minas que chegam para encher durante um século os cemitérios. Angola tem feridas suficientes para ocupar os médicos (que não tem) durante décadas.
Convém, por isso, que a paz se consolide antes de morrer o último angolano.
O MPLA e quem nele manda (Eduardo dos Santos) têm de se convencer que já não há lugar para a tese «de derrota em derrota, até à vitória final». O que poderá acontecer em Angola é ir «de derrota em derrota até à derrota final».
Afinal alguém ganha quando dá aos cães (como faz o ministro da Defesa, Kundi Paihama) o que faz falta a um angolano, mesmo que não seja do MPLA?
Alguém ganha quando um país tem filhos que nasceram no meio da fome, cresceram no meio da fome, tiveram filhos no meio da fome e morreram no meio da fome?
3 comentários:
Infelizmente, o presidente desse país parece que ganha.
E ninguém por cá vê.
É lamentável.
Consciência social e cívica em evidência. Brilhante artigo!
Abraço do
Pedro C.
Ganham os que têm na mira, o petróleo, o ouro, os diamantes, até muito outro minério, ou biodíesel... ganham todos esses safados desses impostores, donos dos lobbies. É perguntar ao prémio Nobel da Paz, o que foi lá fazer o seu braço direito, Hillary Clinton, quase imediatamente que foi eleito. Dá é vontade de partir tudo!
E temos um Nobel da Paz, que se for preciso fomentar ainda mais a guerra em Angola, fomenta... e se Eduardo dos Santos morrer, o que seria bom, "patrocinavam" aquele que a eles, lhes desse mais jeito como cão de fila, do seu grande latifúndio. Angola possui tanta riqueza, que ou é de mim, ou nunca terá Paz e nunca será próspera, até porque se tratam de americanos, chineses, russos, europeus, sei lá!... O ouro valoriza de dia para dia, o dinheiro desvaloriza...
A verdadeira antítese; um País com tanta riqueza, onde todos ou quase, passam fome.
Atacaram o Iraque porque era ditadura, arranjando uma desculpa falsa, mas em Angola, não convém mexer na ditadura, dá jeito! A corrupção dá-se bem com a corrupção.
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