quinta-feira, outubro 08, 2009

Eles comem tudo e o povo morre à fome

Os investimentos angolanos, diz o Público, no mercado de capitais português, que se restringem aos da Sonangol e de Isabel dos Santos (filha do Presidente Eduardo dos Santos), valiam 1813 milhões de euros no início de Setembro, o que representa três por cento do total da capitalização bolsista do principal índice, o PSI 20.

68% (68 em cada 100) dos angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome. 45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. No “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, Angola está na posição 158.

Em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos, o silêncio de muitos, ou omissão, deve-se à coação e às ameaças do partido que está no poder desde 1975.

Em Angola, a corrupção política e económica é, hoje como ontem, utilizada contra todos os que querem ser livres, entre 1997 a 2001, o país consagrou à educação uma média de 4,7% do seu orçamento, enquanto a média consagrada pela SADC foi de 16,7%.

Angola disponibiliza apenas 3 a 6% do seu orçamento para a saúde dos seus cidadãos. Este dinheiro não chega sequer para atender 20% da população, o que torna o Serviço Nacional de Saúde inoperante e presa fácil de interesses particulares.

Em Angola, 76% da população vive em 27% do território. Mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos.

Em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.

No caso dos investimentos angolanos em Portugal, estes são protagonizados por apenas duas entidades e em três empresas. Primeiro foi a entrada da Sonangol e de Isabel dos Santos, via Esperaza, na Amorim Energia, da qual controlam 45% do capital, ou seja, 15%, de forma indirecta, da Galp, avaliados em 1206 milhões de euros.

Depois, a petrolífera angolana começou a comprar acções do BCP, detendo já dez por cento e que, ao valor de cotação de 1 de Setembro, valiam 424 milhões de euros. Mais recentemente, Isabel dos Santos, através da Santoro, ficou com os 9,7 por cento do BPI que estavam nas mãos do BCP.

2 comentários:

Calcinhas de Luanda disse...

Isto é irónico, mas no fundo acaba por ser a desforra do antigo poder colonial. E feito à custa de lacaios angolanos, os novos opressores que agora são, por questões de melanina, politicamente correctos.
No tempo colonial um dos argumentos para não se dar auto-determinação e posteriormente a independência às colónias era, no entender dos doutos dirigentes de então, que os povos não estavam cívica e culturalmente preparados para exercer o poder. A culpa era do poder colonizador que não os preparava, mas usava ao mesmo tempo esse argumento para justificar o seu modo de agir.
Uma pescadinha de rabo na boca!
E estes palermas que agora governam Angola, não é que se vão mesmo comportar-se de acordo com as previsões do poder colonial e dar argumentos aos partidários do colonialismo (agora neo-colonialismo)?
Qualquer dia, num programa da TPA, vão chegar à conclusão de que o Salazar foi o maior angolano de todos os tempos.
Se há 35 anos me tivessem contado o que se iria passar, eu diria que tais contadores de histórias estariam loucos. Mas de facto nem a imaginação mais prodigiosa teria conseguido prever tal desfecho.
Sofre povo, sofre! É a tua função!

Anónimo disse...

Eles devem estar à espera, é de uma boa revolução... temos de ver que a Justiça está também a falhar. Mais um ou dois factores a juntar e vai tudo pelos ares... cá para mim. Só se o pessoal anda anestesiado!