O que se segue é um artigo do Emídio Rangel publicado no Correio da Manhã. Muito do que ele diz tem sido dito, redito e repetido aqui no Alto Hama. Se calhar, digo eu, é altura de alguém acreditar no que andamos a dizer.
«O jornalismo português deu nesta semana uma triste imagem de si próprio num gigantesco palco chamado ‘Prós e Contras’. Nunca se vira tal coisa.
Havia notícia da podridão e da mediocridade em que está enredado tal jornalismo mas nunca se tinha apreciado o espectáculo horrendo das entranhas. Tudo às escâncaras!!! Sem dúvida, bem pior que a política, porque, afinal, o número de ‘cabos de esquadra’ a dirigir importantes órgãos de comunicação social é um susto. Mais deprimente e desolador do que a ‘oferta’ da política, como ficou provado à saciedade no ‘Prós e Contras’.
Já noutras ocasiões dei comigo a pensar na enorme falta de uma Ordem dos Jornalistas. Antevendo esta degradação, bati-me como pude pela criação de uma Ordem que defendesse os valores da ética e da deontologia, uma Ordem que fizesse doutrina e fosse garante desses valores fundamentais do jornalismo.
Por erros dos promotores mas, sobretudo, por oposição (que palavra tão branda…) dos manipuladores, a Ordem foi um nado-morto e uma parte do jornalismo que hoje se pratica está maculado por vícios, entorses, fumos de corrupção, etc. Arons de Carvalho, Santos Silva e outras figuras menores têm, pelo menos do ponto de vista moral, grandes responsabilidades nessa obstaculização.
O erro de perspectiva e de análise quanto à eficácia do Sindicato dos Jornalistas no tratamento das matérias do foro ético e deontológico é um incidente histórico, cujas consequências estão bem à vista. Arons e Silva foram coveiros da Ordem dos Jornalistas e os responsáveis pela inexistência de uma estrutura inteiramente vocacionada, numa lógica de auto-regulação, para a apreciação de questões éticas.
Temos, por um lado, novas gerações de jornalistas que nunca leram o código deontológico nem sabem o que isso significa. Temos, por outro, jornalistas seniores a desempenhar funções de direcção dando exemplos patéticos da ‘praxis’ jornalística.
Há os que participam e dinamizam inventonas, outros que se vão pavoneando com uma retórica fundada nos princípios da ‘dor de corno’ quando perdem a oportunidade da notícia, outros ainda tão cheios da sua chico-espertice que ganham as paradas mas não olham a meios. Outros que se põem em bicos de pés mas que não chegam a existir.
Em síntese, é urgente chegar ao jornalismo que só deve obediência aos seus públicos e só tem compromissos com a verdade.»
Emído Rangel in:
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelID=00000093-0000-0000-0000-000000000093&contentID=D386066A-BCF2-48A7-902C-E9253C8EF7EA
1 comentário:
Eu também lhe garanto, que vi esse "espectáculo", mas nunca tinha visto nada assim.Fiquei boquiabeta! Gostei particularmente de última intervenção que foi a mesma coisa que dizer:- Ganhem vergonha na cara!!
Como pode o nosso País, não ser corrupto?!
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