quinta-feira, outubro 01, 2009

O bloco de Sócrates e uma boa conversa

O secretário-geral do PS, José Sócrates, esteve cerca de 45 minutos reunido com o Presidente da República de Portugal e à saída limitou-se a dizer aos jornalistas que “foi uma boa conversa”.

Calculo que sim. Aliás, nem outra coisa seria de esperar. O país (sejamos benevolentes) ficou tão esclarecido como estava até agora. É exactamente isso que se espera do presidente e do primeiro-ministro. Tudo na mesma.

“Queria apenas dizer que foi uma boa conversa com o senhor Presidente da República e não tenho outra informação a dar que não seja essa”, afirmou José Sócrates, que é também primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas à saída do encontro com o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.

E assim sendo, aos portugueses apenas interessa o que é relevante, o que é essencial. E tudo isso se resume a uma “boa conversa”.

Veja-se que as notícias até referem algo que é paradigmático da transparência e do bem-estar dos portugueses: José Sócrates chegou à audiência no Palácio de Belém com cerca de 20 minutos de atraso.

Outro pormenor da salutar relação institucional que, como é óbvio, tem sérios reflexos na felicidade dos cidadãos, é dado pela perspicácia dos jornalistas: “o secretário-geral socialista, que trazia na mão um pequeno bloco, foi recebido à entrada do Palácio de Belém pelo chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, e por um dos ajudantes do Presidente”.

Como se sentem felizes os súbditos de suas majestades, Cavaco e Sócrates, ao saberem que o visitante levava na mão (e não no bolso, repare-se) um pequeno bloco...

E para encher chouriços, nada como recordar que “o encontro entre Cavaco Silva e José Sócrates acontece quatro dias depois das eleições legislativas de domingo (se tivesse sido na sábado seriam, creio, cinco...), que o PS venceu com maioria relativa, e dois dias depois de o Presidente da República ter feito uma declaração acusando “destacadas personalidades do partido do Governo” de “manipulação” para o encostar ao PSD e “desviar as atenções”.

Foto: José Sena Goulão/Lusa

3 comentários:

Anónimo disse...

Só duas perguntas:(1)o bloco que levava na mão seria o do Louçâ? e (2)se o comentário de Sócrates foi esse que tipo de escuta estaria montada para noticiarem que, nos quarenta e cinco minutos que decorreu a conversa, nunca foi abordado o caso das escutas?
Pedro C.

Anónimo disse...

E no meio disto tudo, anuncia-se que o director do Público, sai no dia 31 de Outubro!
Ele há coincidências, do arco da velha!...
Siga pra bingo!

Anónimo disse...

UM 31!