sábado, outubro 24, 2009

O importante não é ser livre
- O importante é ser socialista

José Manuel Fernandes, director do jornal Público, garante que «o país (Portugal) é menos livre» com este Governo. Este de José Sócrates, o próximo de José Sócrates.

É verdade e nem sequer é novidade. Há muito, muito tempo, que aqui no Alto Hama se diz exactamente isso. Aliás, o azedume do ex-futuro primeiro-ministro de Portugal reflecte (entre outras) a frustração que sentiu por não ter conseguido, embora tenha tentado e vá agora continuar a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.

O PS, embora perdendo meio milhão de votos, ganhou as eleições e por isso vai continuar a luta para acabar com todos aqueles (e são cada vez menos) que teimam em ser Jornalistas.

Se numa legislatura Sócrates fez o que fez, em duas – mesmo que em minoria, mesmo tendo no horizonte eleições antecipadas - será o fim da liberdade e da diversidade de opiniões.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, importa nunca o deixar de dizer, e sem grande esforço, fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”. Do seu poder.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura, e sem grande esforço, mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Apesar disso, que pouco é se comparado com os mais de 600 mil desempregados, os portugueses voltaram a dar-lhe a vitória. Mitigada ou não, foi uma vitória.

Depois não se queixem quando virem que a liberdade será apenas uma coisa residual que tenta sobreviver nos córregos sinuosos da recordação, e que a democracia entrou pelo cano (de esgoto).

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora aqui vai um excerto de uma crítica literária, de Teresa Sá Couto, no blogue "ComLivros-Teresa, que vai direitinha ás suas palavras! o livro chama-se

"A Morte de Portugal"


Por fim, o do CANIBALISMO CULTURAL, o complexo canibalista, «que alimenta o desejo de cada pai de família portuguesa de se tornar súbdito do chefe ou do patrão, “familiar” do Tribunal da Inquisição, sicofanta da Intendência-Geral de Pina Manique, “informador” de qualquer uma das várias polícias políticas, carreirista do Estado, devoto acrítico da Igreja, histrião da claque de um clube de futebol, bisbilhoteiro do interior da casa dos vizinhos, denunciador ao supremo hierárquico», aludindo-se, na actualidade, à «perseguição a funcionários públicos rebeldes pelos poderes partidários instituídos pelo governo de José Sócrates/Cavaco Silva.».

«Se a vitória europeia de Portugal se consumar, terá sido a geração nascida entre 1940 e 1960 a matar D. Sebastião pela segunda vez», diz, sem que, no entanto, antes desafie:
«Resta aos homens de bem virarem as costas a esta nova elite tecnocrática que assaltou e se apoderou do Estado português (..) e, se puderem, emigrarem, clamando que aos homens-técnicos leva-os o Tejo e o Douro nas enxurradas de Inverno, os homens-cultos, esses, permanecem, recriando a nova imagem literária, estética e cultural por que Portugal posteriormente se reverá no espelho da História.».

A Morte de Portugal, Miguel Real; Editorial Campo das Letras, Porto, 2007

Anónimo disse...

Já agora vai aqui outro excerto da mesma crítica, para completar o PANORAMA!

A «”morte de Portugal” não significa que Portugal desapareça (Portugal “dura”, escrevia Eça de Queirós durante a crise do Ultimatum; é, aliás, a sua grande virtude, não dar felicidade ao seu povo, mas durar, sobreviver, existir por existir, criando contínuas mitologias que justifiquem a sua existência)», diz Miguel Real .A morte de Portugal residirá, então, no desaparecimento de toda a originalidade portuguesa «ditadura tecnocrática» instituída por «técnicos memdíocres»

«em nome de um orçamento metafísico e de uma canina imitação do pior da Europa, terão sido eliminados por este os curtos direitos ganhos pelas populações desde o 25 de Abril de 1974 (ter escola na sua terra, ter maternidade na sua terra, ter assistência hospitalar na sua terra, ter dinheiro suficiente para ir ao dentista, ter reforma garantida). É um Portugal solto, desregrado, cheirando alarvemente a dinheiro, os ricos por o terem, os pobres por o desejarem, todos por nas “Índias” o espreitarem, isto é, na mirífica Europa.».