O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirma que num só dia foram mortas pelo menos 800 pessoas em Duékoué, na zona oeste da Costa do Marfim.
Nada de importante a fazer fé nas preocupações humanitárias da NATO, dos EUA, da Europa que – com a cobertura mediática necessária (como é o caso das televisões portuguesas) – estão mais preocupados com o que se passa na pátria do, citando José Sócrates, “lider carismático” Muammar Kadhafi.
"Não há dúvida que se passou nesta cidade (Duékoué) qualquer coisa de grandes dimensões e o CICR ainda está a recolher informações", afirma a porta-voz da organização em Genebra, Dorothea Krimitsas, adiantando que os delegados da Cruz Vermelha tinham "eles mesmo visto um grande número de corpos".
A chefe da diplomacia do CICR na Costa do Marfim, Dominique Leingme, considera que "este acontecimento é particularmente chocante pela sua dimensão e brutalidade".
"O CICR condena os ataques directos contra os civis e recorda a obrigação das partes envolvidas no conflito de assegurar, em todas as circunstâncias, a protecção sobre o território que controlam", acrescentou Dominique Leingme.
Nos últimos dias aumentaram os confrontos na Costa do Marfim entre partidários do presidente cessante, Laurent Gbagbo, e do seu rival, Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como tendo ganho as eleições.
Militares leais ao presidente cessante, Laurent Gbagbo, apelaram à mobilização das tropas para a "protecção das instituições da República", durante uma mensagem lida na televisão estatal RTI.
Entretanto, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu a saída "imediata" do presidente Laurent Gbagbo, referindo ainda que os autores das violações dos direitos humanos no país "serão responsabilizados diante da justiça internacional".
A Costa do Marfim encontra-se em guerra civil desde que Gbagbo não aceitou a derrota frente a Alassane Outtara na segunda volta das eleições presidenciais.
Recorde-se, entretanto e apenas por mera curiosidade, que o Chefe de Estado do Senegal, Abdoulaye Wade, acusa o governo angolano de dar apoio militar e financeiro a Laurent Gbagbo.
Porque é que isto se passa na Costa do Marfim? Apenas porque se esqueceram, neste e em muitos outros casos, de dizer que, para além de haver (uma espécie de) eleições, quando as há, quem perde tem de sair.
Laurent Gbagbo, como exigia a comunidade internacional, lá pôs o povo a votar. Mas como não explicaram tudo, ele esqueceu-se (ao contrário do que fez em Angola o seu grande amigo José Eduardo dos Santos) de pôr os mortos a votar. Vai daí, perdeu. Perdeu mas não quer sair.
Tal como na Líbia, na Costa do Marfim existem muitas armas e muita gente para morrer. A situação tem, pelo menos a fazer fé nos muitos exemplos que chegam da região, uma grande vantagem: o povo morre mas as riquezas continuam lá...
A comissária para a ajuda humanitária e controlo de crises da União Europeia, Kristalina Georgieva, diz que “a crise merece a mesma atenção à de outros países em conflito, por causa do número de pessoas afectadas, que excede as que vivem a mesma situação na Líbia”.
Do ponto de vista mediático, o importante é mostrar ao mundo que a aviação líbia tornou em escombros grande quantidade de prédios. Reconheço que tal não acontece em África.
Não acontece mesmo. Em zonas onde há milhões de pessoas que vivem (quando vivem) em cubatas é difícil, calculo eu, ter imagens de prédios destruídos...
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