Embora ainda hoje de manhã o Gabinete de José Sócrates dissesse o contrário, à noite o Governo português decidiu pedir ajuda externa.
A partir de agora o PS, de acordo com a sua estratégia eleitoral, vai passar a usar o sabonete lava tudo da marca PEC 4, procurando assim atirar toda a sujidade que criou ao longos dos anos para a Oposição.
Se calhar o PSD, principal candidato à sucessão, vai utlilizar uma variante do mesmo sabonete, não sei se o PEC 3 ou o PEC 5.
Importa, em abono da verdade, recordar (sem uso sequer do sabão macaco) que já no dia 25 Junho de... 2009, a então presidente do PSD dizia que se vencesse as eleições legislativas, iria "romper com todas as soluções adoptadas pelo PS em termos de política económica e social" e libertar a sociedade do Estado.
Não ganhou e José Sócrates fez o que bem quis, a bem de uns tantos e a mal da esmagadora maioria.
Nesse já distante ano de 2009, num jantar com o grupo parlamentar do PSD, na Assembleia da República, Manuela Ferreira Leite afirmou que não queria "fazer a mesma coisa" que tinha feito o Governo do PS mas sim "fazer muito melhor".
Ferreira Leite considerou que Portugal estava "empobrecido, não crescia, não enriquecia e, pior do que isso, não tinha potencial de crescimento", encontrando-se num "beco sem saída", situação que exigia que o PSD apostasse num "novo modelo de desenvolvimento".
Teve razão antes do tempo. E isso é, também em Portugal, um PECado muito grave. Dizer a verdade deve, aliás, ser algo a banir da língua portuguesa, desde logo porque já o foi do léxico político.
"Nós vamos repudiar todas as receitas que o PS tem estado a adoptar para o país", adiantou Manuela Ferreira Leite. Mas os portugueses, a maioria então convicta de que deixar a coluna vertebral em casa era mais de meio caminho para ter a bênção do PS, decidiram o contrário e Sócrates levou o país ao fundo.
Manuela Ferreira Leite sustentou então que "o Estado tomou como pretexto a crise económica para aos poucos e poucos tomar como dependente do Estado tudo o que é empresas, famílias, sociedade civil".
Recorde-se, ainda com o odor do sabonete PEC 4 no ar, que no dia 4 de Novembro... mas de 2008, o então ministro dos Assuntos Parlamentares (entre mil e uma outras capacidades catedráticas reconhecidas em todo o mundo, incluindo o Burkina Faso), Augusto Santos Silva, acusou Manuela Ferreira Leite de insultar o primeiro-ministro, considerando que essa "é a arma própria dos fracos".
Na altura, como hoje e muito mais amanhã, Santos Silva estava errado. O insulto é a arma dos poderosos. Isto porque todos os dias o governo de José Sócrates insulta os portugueses, tratando a sub-espécie dos que não são socialistas abaixo de cão. Muito abaixo.
Augusto Santos Silva reagia na altura a declarações proferidas por Manuela Ferreira Leite, em Évora, no encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, em que acusou Sócrates de não ser confiável.
Hoje, se calhar também é verdade que o líder do PSD não é confiável. Mas quanto a Sócrates, não é se calhar, é mesmo. Não é, nunca foi, confiável.
"Não podemos confiar em alguém que diz hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, que afirma algo como se fosse verdade e depois age exactamente ao contrário do que apregoou", defendeu Manuela Ferreira Leite.
E é destas verdades que Augusto Santos Silva nunca gostou que dissessem do soba. Aliás, este ministro (hoje da Defesa) só gosta das verdades que sejam ditas por ele, admitindo algumas, mas poucas, excepções para as que sejam ditas por José Sócrates.
Santos Silva acusou acusou então a líder do PSD de "enveredar pelo ataque pessoal e pelo insulto, quando o insulto é a arma própria dos fracos e que demonstrava o desespero” do PSD.
E se Santos Silva disse, está dito. Ele é que é o dono da verdade. Recordam-se que ele disse que que havia professores (não socialistas, obviamente) que não sabiam distinguir entre Salazar e os democratas?
Com o seu habitual e certamente nobel poder dialéctico, Santos Silva disse que "o debate democrático deve ser um debate de ideias. Não tem que ser um debate em torno das adjectivações pessoais que cada um entenda fazer".
E, é claro, adjectivações pessoais são coisas que os socialistas, que estes socialistas, dizem que nunca fazem. E quando as fazem, o que acontece quase todos os dias, têm sempre a cobertura do PEC 4...
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