José Sócrates tornou regra de ouro no (mau) reino que a liberdade dos jornalistas tem de acabar onde começa a dele, mas entende que a dele não tem limites. E não faltam seguidores, não só no PS, acrescente-se.
Por alguma razão, há já bastante tempo mas sempre com plena actualidade, António Barreto disse que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.
António Barreto acrescentou ainda, de forma lapidar, que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.
Habituado a que os trabalhadores das redacções dos órgãos de comunicação social (Jornalistas são, como é óbvio, outra coisa substancialmente diferente) lhe vão comer à mão, Sócrates não consegue conviver quer com a liberdade de expressão quer com o contraditório.
É por isso que se dá bem com a sua própria sombra, bem como com outras sombras que com ele estão sempre de acordo. Sócrates, numa atitude que está a fazer escola, prefere ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica.
É um direito que lhe assiste. O problema está que quer transformar o país num amontoado de acéfalos e invertebrados portadores do cartão de militante do PS.
O azedume do primeiro-ministro quando vê algum jornalista (eu sei que é raro) reflecte igualmente a frustração que deve sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado e continue a tentar, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.
Aliás, se este PS voltar a ganhar as eleições, o certo é que acabem todos aqueles que teimam em ser Jornalistas. Se em seis anos de poder Sócrates fez o que fez, se por lá continuar será fim da liberdade de expressão e da diversidade de opiniões.
"Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições.
Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação.
No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo."
Segundo António Barreto, que é o autor dos parágrafos anteriores, os ex-assessores agora chamados de "Press officers e Media consultants", falam todos os dias com os administradores, directores e jornalistas das televisões, das rádios e dos jornais e (no que aos jornalistas respeita) “escrevem notícias com todos os requisitos profissionais, de modo a facilitar a vida aos jornalistas”.
Acrescenta António Barreto que “mentem de vez em quando. Exageram quase sempre. Organizam fugas de imprensa quando convém. Protestam contra as fugas de imprensa quando fica bem. Recompensam, com informação, os que se conformam. Castigam, com silêncio, os que prevaricaram. São as fontes. Que inundam ou secam.”
E então? Então este é o país em que vivemos: “a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”.
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