Com uma lata bem maior do que o seu país, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, condenou no dia 9 de Janeiro do ano passado, como se Portugal nada tivesse a ver com a questão, o ataque à escolta militar angolana ao autocarro da selecção do Togo em Cabinda que provocou dois mortos, classificando-o como um "acto terrorista".
Sobre os confrontos do passado dia 25, em que morrem mais uns quantos angolanos das forças ocupantes de Cabinda, não sei se Luís Amado (ou alguém no seu lugar, já que ele está de costas voltadas com o sumo pontífice do Governo) se manifestou. Se o fizer será, com certeza, na mesma linha do que fez em Janeiro de 2010.
Nessa altura, em declarações à Lusa, Luís Amado disse: "Nós condenamos o acto terrorista que se verificou em Cabinda e solidarizamo-nos, naturalmente, com o governo angolano no sentido de o apoiar num momento em que tanta expectativa está criada sobre o sucesso deste campeonato".
Para o governante, que se calhar há alguns anos também considerava que Portugal começava no Minho e acabava em Timor-Leste, é "neste momento particularmente importante sublinhar o profundo apoio do Governo português ao governo angolano" e condenar "o acto terrorista que se verificou em Cabinda".
De facto, por ignorância factual ou por menoridade intelectual, o problema de Cabinda é mesmo um tabu para Portugal – para os seus governos, para as suas elites, para a sua juventude.
Os cabindas andam há dezenas de anos a dizer que é necessário que a questão seja suscitada, discutida calma e serenamente e as responsabilidades apuradas e assumidas sem preconceitos nem caça às bruxas, acusações ou insultos.
Como a força da razão não tem sido suficiente para que sejam ouvidos nos areópagos da política internacional, lá vão de vez em quando utilizando a razão da força. E quando o fazem... são terroristas.
Terroristas como os da FRETILIN que de armas na mão combateram a ocupação indonésia de Timor-Leste? Terroristas como os do PAIGC que combateram a ocupação portuguesa da Guiné-Bissau? Terroristas como os do MPLA, FNLA e UNITA que combateram o ocupação portuguesa de Angola? Como os da FRELIMO em Moçambique?
A pretensão de Cabinda resulta apenas da elementar exigência do “honeste vivere, nemine laedere, suum cuique tribuere”: a mais suméria, simples e indispensável racionalidade do direito.
Há bem poucos anos o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Petrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.
Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto: A este bastará apenas que proclame a verdade, dê o seu testemunho e ajude a comunidade internacional a encarar essa verdade, aplicando o direito que as regula (tanto a comunidade como a própria verdade ou situação que caracteriza e identifica o problema).
Cabinda não exige desculpas, nem as espera. Apenas exige a assunção da verdade e a realização da justiça, para o bem de todas as partes: De Cabinda, é verdade; mas também de Angola, de Portugal e da própria comunidade internacional, apostada em promover e garantir a democracia, favorecer o desenvolvimento e preservar a paz e a segurança internacionais, assegurando a igualdade de todos os povo, grandes e pequenos, fazendo respeitar os seus direitos e permitindo a realização das suas justas aspirações.
Os cabindas são o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos direitos são calcados aos pés pela comunidade internacional. O único que, contra o direito e a lógica, é empurrado para soluções extremas, paradoxalmente, aquelas que são unanimemente condenadas e combatidas.
Será que se quer um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra?
Nessa altura, em declarações à Lusa, Luís Amado disse: "Nós condenamos o acto terrorista que se verificou em Cabinda e solidarizamo-nos, naturalmente, com o governo angolano no sentido de o apoiar num momento em que tanta expectativa está criada sobre o sucesso deste campeonato".
Para o governante, que se calhar há alguns anos também considerava que Portugal começava no Minho e acabava em Timor-Leste, é "neste momento particularmente importante sublinhar o profundo apoio do Governo português ao governo angolano" e condenar "o acto terrorista que se verificou em Cabinda".
De facto, por ignorância factual ou por menoridade intelectual, o problema de Cabinda é mesmo um tabu para Portugal – para os seus governos, para as suas elites, para a sua juventude.
Os cabindas andam há dezenas de anos a dizer que é necessário que a questão seja suscitada, discutida calma e serenamente e as responsabilidades apuradas e assumidas sem preconceitos nem caça às bruxas, acusações ou insultos.
Como a força da razão não tem sido suficiente para que sejam ouvidos nos areópagos da política internacional, lá vão de vez em quando utilizando a razão da força. E quando o fazem... são terroristas.
Terroristas como os da FRETILIN que de armas na mão combateram a ocupação indonésia de Timor-Leste? Terroristas como os do PAIGC que combateram a ocupação portuguesa da Guiné-Bissau? Terroristas como os do MPLA, FNLA e UNITA que combateram o ocupação portuguesa de Angola? Como os da FRELIMO em Moçambique?
A pretensão de Cabinda resulta apenas da elementar exigência do “honeste vivere, nemine laedere, suum cuique tribuere”: a mais suméria, simples e indispensável racionalidade do direito.
Há bem poucos anos o governo belga apresentou ao Povo da República Democrática do Congo desculpas formais e oficiais pelo seu envolvimento no assassinato de Petrice Lumumba, herói da independência daquele país africano e chefe do seu primeiro governo.
Para Cabinda, não é necessário que Portugal chegue a tanto: A este bastará apenas que proclame a verdade, dê o seu testemunho e ajude a comunidade internacional a encarar essa verdade, aplicando o direito que as regula (tanto a comunidade como a própria verdade ou situação que caracteriza e identifica o problema).
Cabinda não exige desculpas, nem as espera. Apenas exige a assunção da verdade e a realização da justiça, para o bem de todas as partes: De Cabinda, é verdade; mas também de Angola, de Portugal e da própria comunidade internacional, apostada em promover e garantir a democracia, favorecer o desenvolvimento e preservar a paz e a segurança internacionais, assegurando a igualdade de todos os povo, grandes e pequenos, fazendo respeitar os seus direitos e permitindo a realização das suas justas aspirações.
Os cabindas são o único povo do planeta a quem é negado, sistemática e terminantemente, a compreensão, a amizade e a solidariedade. O único povo cujos direitos são calcados aos pés pela comunidade internacional. O único que, contra o direito e a lógica, é empurrado para soluções extremas, paradoxalmente, aquelas que são unanimemente condenadas e combatidas.
Será que se quer um pretexto para eliminar os cabindas da face da terra?
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