Diz, e muito bem, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, que “não basta ser rico para ser bem educado”. O mesmo se aplica (isso é que era bom!), presumo, aos ministros, aos jornalistas, aos deputados, entre outros.
Um país (não sei se o FMI ainda usa essa designação) que tem um primeiro-ministro (José Sócrates) que se vira para um deputado e diz: "Manso é a tua tia, pá!"; que teve um ministro da economia (Manuel Pinho) que faz uns cornos para outro deputado; que tem um deputado (Ricardo Rodrigues, agora cabeça-de-lista do PS pelos Açores) que rouba – ele chama-lhe “tomar posse” – os gravadores aos jornalistas que o entrevistavam... não é com certeza um país, nem mesmo um local frequentado por gente bem educada.
Recordam-se, por exemplo, da primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde, em 9 de Dezembro de 2009, ter ficado marcada pela troca de piropos entre os deputados Maria José Nogueira Pinto (PSD) e Ricardo Gonçalves (PS)?
Pois é, não basta ser deputado para ser bem educado. Nessa audição, num estilo socialista que está a fazer escola (há notícias de que poderá ser exportado para o Burkina Faso depois do êxito conseguido junto do ainda líder carismático da Líbia), o deputado Ricardo Gonçalves, professor de Filosofia eleito por Braga, motivou a irritação de Maria José Nogueira Pinto, que o apelidou de "palhaço".
Se calhar basta ser palhaço para ser bem educado. Já para ser deputado, candidato a deputado ou até mesmo a presidente da Assembleia da República (como é o caso de Fernando Nobre pelo PSD) qualquer coisa serve.
No meio da palhaçada que por norma são as comissões de inquérito, a deputada disse que "não sabia que tinham contratado um palhaço" para a Comissão Parlamentar de Saúde.
Em resposta, Ricardo Gonçalves teceu comentários sobre a troca de cor política por parte de Maria José Nogueira Pinto, coisa que – convenhamos – nunca existiu no PS, nem mesmo nos casos de Freitas do Amaral e Basílio Horta... ao que parece.
Aliás, se roubar gravadores dá direito a ser cabeça-de-lista, a dialéctica de Ricardo Gonçalvez deve ser mais do que suficiente para voltar a ser deputado ou, quem sabe, membro do governo.
“Não fiquei ofendido com a afirmação da deputada Maria José Nogueira Pinto. A senhora está sempre a mudar de partido. Vende-se por qualquer preço e chamar-me palhaço considero um elogio porque são muito importantes por esta altura do Natal”, disse então Ricardo Gonçalves.
Crê-se, aliás, que terá sido esta brilhante actuação de Ricardo... Gonçalves, embora num palco secundário do prostíbulo-mor, que terá motivado a veia cómica (mas igualmente criminal) de Ricardo... Rodrigues.
E se, na minha opinião, chamar palhaços a alguns deputados é grave (por ofensa directa aos verdadeiros palhaços), dizer que a deputada (“vende-se por qualquer preço”) é uma prostituta – mesmo que seja na versão “soft” de cariz socialista – já não me parece tão grave dado o contexto prostibular em que (con)vivem alguns deputados.
Se calhar, digo eu do alto da minha ingenuidade e certamente má educação, os deputados do prostíbulo (outrora chamado de Parlamento) apenas seguem os exemplos dos mais altos representantes do bacanal colectivo que, no mesmo local, falaram de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice” e “política de fechadura”...
Seja como for, com as suas brilhantes escolhas para deputados (não tão brilhantes quanto as de Passos Coelho, acrescento), José Sócrates mostra um total domínio dos vassalos lusos.
Mesmo assim, penso, não basta ter à sua volta os amplificadores da propaganda (muitos deles com carteira profissional de jornalista) para se ser bem educado.
Por alguma razão já Eça de Queiroz – que não seria hoje considerado um português bem educado - dizia que “os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”.
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