Só mesmo Fernando Nobre e Pedro Passos Coelho conseguiriam que eu desse voluntariamente razão a José Sócrates. E como eu haverá, creio, muita mais gente a pensar o mesmo. Para além disso, o PS vai somando votos e rindo a bandeiras despregadas.
Hoje, com o seu estilo eleitoral (cândido quanto baste), o secretário-geral do PS, José Sócrates, afirmou que antes das eleições "não se negoceiam" nem se "prometem" lugares, numa referência à candidatura de Fernando Nobre pelo PSD, considerando que denota "arrogância democrática".
Sócrates não tem estatura política e moral para dar lições de humildade, seja a quem for. Mas quando fala de arrogância sabe o que diz, até porque 90 por cento do seu comportamento é de uma total arrogância.
Mas, de facto, prometer lugares, no caso de Fernando Nobre a Presidência da Assembleia da República, já para não falar dos critérios de escolha das listas, ultrapassa tudo quanto se tinha visto no reino lusitano, e não tem sido tão pouco quanto isso.
Todos sabemos que Portugal está à venda, mas o PSD colocou-o também em saldo.
"Antes de o povo falar, antes de haver eleições, não se negoceiam lugares desses, nem se prometem lugares desses. Isso é anteciparmo-nos a uma escolha e uma antecipação a uma escolha não tem nada a ver com humildade democrática, tem a ver justamente com arrogância democrática", afirmou José Sócrates.
Se bem que seja mais um caso (dos muitos da história recente do PS) em que a tese é do estilo: olhai para o que eu digo e não para o que eu faço, não deixa de ser um retrato preciso, milimetricamente mortífero, dos devaneios infantis e oportunistas da nova liderança do PSD.
Como se não bastasse andar a própria direcção do PSD a dar tiros nos pés, ainda acharam por bem contratar candidatos para quem dar tiros no próprio PSD é uma questão estratégica. Não está mal, não senhor. E nem sequer conseguiram apreender nada com José Sócrates.
José Sócrates referia, sem nomear, numa intervenção no início da reunião da Comissão Nacional do PS, o cabeça-de-lista do PSD por Lisboa, Fernando Nobre, que afirmou que renunciará ao cargo de deputado caso não seja eleito presidente da Assembleia da República.
Não pode haver melhor exemplo de oportunismo político do que aquele que é dado por Fernando Nobre, tal como não existe melhor exemplo de baixa política, de reles comercialização de nomes e cargos, do que aquele dado por Passos Coelho nas escolha de Nobre.
Para Sócrates, falar de lugares antes das eleições legislativas e antes dos deputados elegerem o presidente da Assembleia, revela "soberba", uma atitude "que aqueles que gostam da democracia não gostam de ver em nenhum comportamento político".
Mais uma vez, Sócrates sabe do que fala (recorde-se o caso de Joana Amaral Dias) e de uma matéria que domina como ninguém, sobretudo quando são os seus adversários a usá-la.
Nada como ser perito dos peritos nos, entre muitos outros, malabarismos da política subserviente para, com facilidade, utlizar as suspostas armas dos adversários em proveito próprio.
E é por estas e por outras (todas as semanas o PSD surpreende pela negativa o país) que o PS apenas vai dar até às eleições os tiros estritamente necessários, tão certeiros quanto recomenda a sua estratégia eleitoral.
De resto, basta deixar o PSD em roda livre. Passos Coelho e a sua equipa vão encarregar-se de levar os portugueses a votarem no PS.
Sem comentários:
Enviar um comentário