quarta-feira, abril 20, 2011

De vez em quando a ERC finge que existe!

Uma das muitas “coisas” que foram criadas em Portugal para, supostamente, regular uma qualquer coisa, como é o caso de Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) quer todos os candidatos às eleições nos debates televisivos e defende o mesmo tempo de antena para todos.

Nem mais. Todos a monte e fé no FMI é aquilo de que o país mais precisa nesta altura. Estou mesmo a ver a vantagem para os 700 mil desempregados, para os 20% que vivem na miséria e para os outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição.

A decisão da ERC (sim, afinal a ERC também decide...) surge numa altura em que RTP, SIC e TVI já acordaram a realização de debates apenas entre candidatos de partidos com assento parlamentar, o que já levou o Movimento Partido da Terra (MPT) a apresentar queixa por discriminação.

Em debates e entrevistas “deverá ser assegurada a presença, ainda que não necessariamente simultânea, de representantes de todas as candidaturas”, salienta a ERC em comunicado divulgado hoje.

Segundo o documento, o princípio em questão é aplicável “àqueles que contem com membros das candidaturas como colaboradores regulares em espaços de opinião, devendo ser garantida a todas as candidaturas, de forma eficaz, a igualdade de oportunidades acima referida”.

Assim, a pedra de toque da ERC é a igualdade de oportunidades. Acho muito bem. Se calhar esta “coisa” que foi criada em Portugal para, supostamente, regular uma qualquer coisa, deveria ter estado mais preocupada com o essencial e não com o supérfluo, com o produto e não com o rótulo.

Não me recordo, mas admito que é falha minha, de ter visto a ERC tomar posição quanto ao facto de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, ter chegado tão cedo ao sector da comunicação social que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, fazer com que os seus mercenários, chefes de posto ou sipaios, titulares, ou não, de Carteira Profissional de Jornalista, fizessem da imprensa o tapete do poder.

Também não me recordo de ver a ERC dizer alguma coisa sobre o facto de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, ter chegado tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformar jornalistas em criados de luxo do poder vigente.

Igualmente não tenho ideia de ver a ERC questionar o facto de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, ter chegado tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, garantir que esses criados regressarão mais tarde ou mais cedo (muitos já lá estão) para lugares de direcção, de administração etc..

Ainda certamente por falha minha, não recordo que a ERC tenha comentado o facto de José Sócrates ter chegado tão cedo que deu carácter não só legal como nobre à promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas).

José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de que quem aceita ser enxovalhado pode a curto prazo – basta olhar para muitas das Redacções - ser director ou administrador. Tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de a ética jornalística se ter tornado na regra fundamental que aparece a seguir à última... quando aparece. Será que a ERC disse alguma coisa?

Em Portugal, José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar partidos, empresas ou políticos. Pois! Mais uma vez não me recordo da posição da ERC...

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