terça-feira, abril 12, 2011

Camarada amigo, MPLA e PSD estão contigo!

Em Novembro de 2007, e de acordo com a Angop, uma agência de propaganda do MPLA, o regime angolano insurgiu-se contra os que, em Lisboa, promoveram uma conferência sobre a sua colónia de Cabinda.

Sem meias palavras, o protesto do regime angolano citou diversas personalidades portuguesas como Maria Antónia Palla, Fernando Nobre, João Soares, Maria Barroso e Maria João Sande Lemos.

A conferência "Caminhos para a paz" teve o apoio da "Associação Tratado de Simulambuco", contou também com a presença do então líder parlamentar da UNITA, Alcides Sakala, bem como com os deputados Filomeno Vieira Lopes e Luís Araújo, ambos do partido Frente Para a Democracia, FPD, e do economista Justino Pinto de Andrade.

De acordo com a Angop, que o mesmo é dizer de acordo com o regime angolano do MPLA, a reunião foi – como tudo o que contrarie a ditadura de José Eduardo dos Santos - "uma vergonha nacional", que visava comprometer o Governo angolano na véspera da cimeira EU/África.

Segundo o MPLA, os organizadores "pretenderam apagar ou ignorar muitos factos que demonstram a atitude dialogante e reconciliadora desde há muito assumida pelo Governo angolano, incluindo no tratamento da questão de Cabinda".

Boa! Atitude dialogante? Diálogo, segundo o meu dicionário, que é, creio, bem diferente do da Angop, significa a conversação entre duas ou mais pessoas. O que o MPLA faz é monólogo: impõe a razão da força e depois compra meia dúzia de fantoches para dizer que “democraticamente” impôs a força da razão.

"Esta atitude deplorável que já se mostrou negativa no passado para a necessária concórdia entre os angolanos, surge numa altura em que o país tem estabilidade política e possui um enorme sucesso económico", referia a Angop.

Seja como for, a partir de 26 de Junho de 2010, o MPLA retirou da lista negra um dos nomes que apontou como principal instigador da luta contra o regime de Angola, no que à sua colónia de Cabinda respeita: Fernando Nobre.

De facto, Fernando Nobre mudou de barricada, mudou de causas, passou de Homem livre a mais um acólito das “verdades” construídas a partir do petróleo, das “verdades”que mudam a História consoante os interesses de momento.

Desde essa altura (tal como agora o PSD) que o MPLA passou a ter em Fernando Nobre mais um aliado da sua causa.

Assim, Fernando Nobre deixou de estar preocupado com os que não têm voz e ajudou a ampliar a mentira de que “Angola vai de Cabinda ao Cunene”.

Afinal, parece-me, há cirurgias que permitem que a coluna vertebral se torne amovível. E, ao que parece, as recompensas são valiosas. Em Portugal, por exemplo, permitem ser cabeça-de-lista às eleições legislativas e, talvez, presidente da Assembleia da República...

3 comentários:

Fada do bosque disse...

Grande texto Orlando! É mesmo a matar! Um abraço.

Orlando Castro disse...

Viva Fada.
O bosque andava com saudades suas. Ainda bem que apareceu. Tudo bem?

Abraço,

Fada do bosque disse...

Olá Orlando... andei quase um ano fora do virtual, mas agora tudo bem!
Também já tinha saudades suas e dos seus textos! :)
Siga com a sua escrita que é uma delícia, uma denúncia, uma Justiça!

Espero que tudo esteja bem consigo!
Um Abraço para si :)