Em Novembro de 2007, e de acordo com a Angop, uma agência de propaganda do MPLA, o regime angolano insurgiu-se contra os que, em Lisboa, promoveram uma conferência sobre a sua colónia de Cabinda.
Sem meias palavras, o protesto do regime angolano citou diversas personalidades portuguesas como Maria Antónia Palla, Fernando Nobre, João Soares, Maria Barroso e Maria João Sande Lemos.
A conferência "Caminhos para a paz" teve o apoio da "Associação Tratado de Simulambuco", contou também com a presença do então líder parlamentar da UNITA, Alcides Sakala, bem como com os deputados Filomeno Vieira Lopes e Luís Araújo, ambos do partido Frente Para a Democracia, FPD, e do economista Justino Pinto de Andrade.
De acordo com a Angop, que o mesmo é dizer de acordo com o regime angolano do MPLA, a reunião foi – como tudo o que contrarie a ditadura de José Eduardo dos Santos - "uma vergonha nacional", que visava comprometer o Governo angolano na véspera da cimeira EU/África.
Segundo o MPLA, os organizadores "pretenderam apagar ou ignorar muitos factos que demonstram a atitude dialogante e reconciliadora desde há muito assumida pelo Governo angolano, incluindo no tratamento da questão de Cabinda".
Boa! Atitude dialogante? Diálogo, segundo o meu dicionário, que é, creio, bem diferente do da Angop, significa a conversação entre duas ou mais pessoas. O que o MPLA faz é monólogo: impõe a razão da força e depois compra meia dúzia de fantoches para dizer que “democraticamente” impôs a força da razão.
"Esta atitude deplorável que já se mostrou negativa no passado para a necessária concórdia entre os angolanos, surge numa altura em que o país tem estabilidade política e possui um enorme sucesso económico", referia a Angop.
Seja como for, a partir de 26 de Junho de 2010, o MPLA retirou da lista negra um dos nomes que apontou como principal instigador da luta contra o regime de Angola, no que à sua colónia de Cabinda respeita: Fernando Nobre.
De facto, Fernando Nobre mudou de barricada, mudou de causas, passou de Homem livre a mais um acólito das “verdades” construídas a partir do petróleo, das “verdades”que mudam a História consoante os interesses de momento.
Desde essa altura (tal como agora o PSD) que o MPLA passou a ter em Fernando Nobre mais um aliado da sua causa.
Assim, Fernando Nobre deixou de estar preocupado com os que não têm voz e ajudou a ampliar a mentira de que “Angola vai de Cabinda ao Cunene”.
Afinal, parece-me, há cirurgias que permitem que a coluna vertebral se torne amovível. E, ao que parece, as recompensas são valiosas. Em Portugal, por exemplo, permitem ser cabeça-de-lista às eleições legislativas e, talvez, presidente da Assembleia da República...
3 comentários:
Grande texto Orlando! É mesmo a matar! Um abraço.
Viva Fada.
O bosque andava com saudades suas. Ainda bem que apareceu. Tudo bem?
Abraço,
Olá Orlando... andei quase um ano fora do virtual, mas agora tudo bem!
Também já tinha saudades suas e dos seus textos! :)
Siga com a sua escrita que é uma delícia, uma denúncia, uma Justiça!
Espero que tudo esteja bem consigo!
Um Abraço para si :)
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