O presidente do PSD pediu hoje aos portugueses um voto de confiança e a oportunidade de governar que já foi dada ao PS, sustentando que dos socialistas só pode esperar-se o colapso económico.
Será um argumento válido? O que andou a fazer o PSD nos últimos anos, para além de dar tiros nos pés e de afastar do partido todos aqueles que já tinham provas dadas?
Estarão os portugueses dispostos a passar a Pedro Passos Coelho um cheque que, para além de ser em branco, seja qual a for a quantia não terá cobertura?
Há quanto tempo o PSD sabe que o mal da economia portuguesa está nas finanças públicas, para além de saber também que os políticos têm medo de pegar o touro pelos cornos?
Um ilustre militante do PSD, eventualmente um dos mais prestigiados dos últimos anos, já há nove anos dizia que Portugal tinha no máximo um ano e meio para inverter a tendência de degradação da situação económica.
"Parece-me que as medidas que têm de ser tomadas para inverter a situação de marasmo e evitar grandes preocupações quanto ao que acontecerá (...) e da redução dos apoios estruturais da Comunidade requerem um apoio parlamentar maioritário", afirmava esse militante em Março de 2002.
O que andou o PSD a fazer desde então? Se passou todos estes anos a dormir, será que os portugueses vão agora acreditar que está acordado? Ou, pelo contrário, vão pensar que quem se esteve nas tintas durante tanto tempo bem pode, agora, continuar a ressonar?
Esse ilustre militante do PSD garantia na altura que "os políticos, como pessoas normais que são, têm medo, e será precisa muita coragem política para adoptar políticas necessárias, mas cuja viabilidade política é duvidosa", sublinhando: "Não será nada fácil".
Já em 2002 ele lembrava que o Ecofin "estava a olhar de forma muito particular para Portugal", pelo que defendia que a solução passava, necessariamente, por "reforçar os poderes do ministro das Finanças", que devia contar com o apoio incondicional do primeiro-ministro e dispor "de um poder quase de veto sobre os restantes ministérios".
O objectivo seria, dizia ele, assegurar a concretização de medidas que se antevêem impopulares, como as reformas da saúde - apostando na gestão privada dos hospitais públicos - e educação, a extinção de alguns serviços públicos, a contenção nas transferências para as autarquias, o equilíbrio das contas externas e o assegurar de "disciplina" nas empresas públicas.
Não sei, mas creio que nessa altura já Passos Coelho era nascido. Se era assim, bem poderia agora lembrar-se que – apesar da crise – os portugueses (alguns, pelo memos) têm memória e sabem que cheques em branco são sempre má solução, sobretudo quando os destinatários não têm a honorabilidade mínima.
Mas voltemos ao que dizia esse militante do PSD. Ele considerava (se calhar o actual líder do partido nunca reparou nisso) ser necessário acompanhar "quase à semana o endividamento de determinadas empresas públicas, nomeadamente no sector dos transportes e do audiovisual”.
Quanto à evasão e fraude fiscais, apontava como única solução viável "um claro levantamento do sigilo bancário" sustentando que, mesmo face ao risco de fuga de capitais, "em situação de crise" esta medida se impunha.
Imperativo seria também "restituir a credibilidade à política orçamental" portuguesa, cuja "imagem de facilitismo e laxismo influenciou negativamente a actuação das empresas e agentes económicos e acabou também por estimular o adiamento de certas reformas estruturais".
"A nossa política orçamental continua a ser a grande fonte de ineficiência económica" e é a "primeira razão do mau comportamento da produtividade", considerava, defendendo a realização de orçamentos plurianuais.
Nota complementar: Esse militante do PSD chama-se Aníbal Cavaco Silva e fez estas declarações numa conferência intitulada "Política Orçamental: Passado, Presente e Futuro", que teve lugar na Faculdade de Economia do Porto.
1 comentário:
ehehehehh!! Grande Orlando! :))
Sempre tirinho na mouche!
Com essa Partiu-me toda ahahahah!! Orlando! :)) O man está viciado no FB! :))
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