Fernando Nobre estava, e bem, convicto de que iria fazer "história" ao candidatar-se à Presidência da República portuguesa, fosse qual fosse o resultado.
E se essa foi uma forma positiva de fazer “história” (14 po cento dos eleitores que voram pensaram, tal como eu, dessa forma), ao aceitar ser cabeça-de-lista do PSD por Lisboa e candidato a presidente da Assembleia da República, Fernando Nobre e Passos Coelho escreveram uma, mais uma, página putrefacta dessa mesma história.
Se Fernando Nobre ao candidatar-se à Presidência da República mostrou ser capaz de dignificar o que restava da Pátria de Fernando Pessoa, ao alinhar agora com o PSD provou que, afinal, vendeu gato por lebre e que, sob a máscara da cidadania, não passa de mais um.
"Seja qual for o resultado, nós já fizemos história em Portugal. Já demonstrámos que a cidadania e a sociedade civil portuguesas decidem a partir de agora querer ser ouvidas, escutadas e participar num reforço da nossa democracia", disse Fernando Nobre.
Pois é. Que Passos Coelho queira entregar de bandeja o Governo do seu país novamente a José Sócrates, é um problema dele e dos que nele e no seu partido acreditam.
No entanto, Fernando Nobre, que aparentava ser um cidadão de corpo inteiro, que parecia ter uma honorabilidade à prova de bala (ao contrário da maioria dos políticos portugueses) acaba por também se “vender” por um prato de lentilhas (ser deputado e eventualmente presidente do Parlamento).
Durante a capanha elitoral, Fernando Nobre não teve medo (ou foi só um investimento?) de criticar as medidas de austeridade do Governo socialista e de José Sócrates, apoiadas pelo PSD e por Cavaco Silva, considerando – tal como a esmagadora maioria dos cidadãos - que penalizavam os portugueses mais pobres (20% da população) e os que estão ligeiramente acima do limiar da pobreza (mais 20%).
Fernando Nobre demonstrou, entre outras coisas, que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
Agora veio a confirmar-se que ele apenas quer também um lugar no convés do navio.
Fernando Nobre foi ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, lançar a sua candidatura e mostrar (julgaram os ingénuos, como eu) que ainda era possível Portugal dar, voltar a dar, luz ao mundo.
Feitas as contas, tudo não passou de uma encenação.
“Quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua. Felizmente que, antes da sair à rua, os portugueses vão dar uma oportunidade a um português, cidadão do mundo, filho da Lusofonia: Fernando Nobre”, escrevi eu aqui quando publicamente assumi o meu apoio ao presidente da AMI.
Razão tinha Cavaco Silva quando disse que “a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções”.
Pois é. Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país. Muitos já tinham as malas feitas mas, com a luz que acreditaram que Fernando Nobre iria colocar no fundo do túnel... voltam a acreditar em Portugal.
Hoje só lhes resta zarpar.
1 comentário:
Meu caro: acertivo o teu escrito sobre a nobre figurinha. Assim a modos que um pastor do Reino de Deus. Um tipo sem coluna e sem ideias. Um demagogo à procura de ganhar a vidinha. Lamento que tenha iludido alguns milhares. Apenas espero que, quando aparecer outra figurinha parecida com este nobre de merda, não lhe deiam o voto. Abraço fraterno do
Soares Novais
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