O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), Basílio Horta, estava desde há muito “contaminado” com o irrealismo agudo de José Sócrates.
Prova disso é que pretendia há bem pouco tempo (se calhar ainda pretende) que Portugal fosse "o Brasil europeu".
"Dentro do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é estruturante para Portugal, tal como Espanha e Angola", afirmou Basílio Horta na conferência "Portugal 2011: Vir o Fundo ou ir ao fundo?".
Por isso, o presidente da Aicep não tem dúvidas: "Portugal deve fazer tudo para ser o Brasil europeu".
O presidente da Aicep afirmou que "Portugal quer cada vez mais estar presente no Brasil e que o Brasil esteja mais em Portugal", garantindo que "o Brasil não é um mercado, é um destino e é algo que faz parte de nós próprios".
Basílio Horta destacou que "em 2010, o investimento brasileiro superou 4,5 mil milhões" e referiu a Embraer, que investiu 300 milhões de euros.
Tal como José Sócrates (e mais alguns dos seus parceiros de tango), o presidente da Aicep dizia (Fevereiro deste ano) que a entrada do Fundo Monetário Internacional seria "a pior coisa que podia acontecer a Portugal".
Isto porque, dizia Basílio Horta, "primeiro porque vinha na pior altura do fundo de estabilização, que está em reflexão profunda. E segundo, porque se vê pelas experiências irlandesas e gregas que não está a resultar porque os spreads continuam a subir".
A viragem de Basílio Horta à esquerda (do CDS para o PS) não é, aliás, nova. No dia 6 de Maio de 2009, por exemplo, o deputado social-democrata Hugo Velosa afirmou que o então ministro da Economia (Manuel Pinho) “é um pândego”, respondendo ao socialista Jorge Seguro, que acusou o PSD de “ataque descabelado” ao presidente da Aicep.
A polémica entre o então cabeça-de-lista do PSD às eleições europeias, Paulo Rangel, Basílio Horta e o ministro da Economia, foi a propósito dos programas para promover a mobilidade e o emprego dos jovens e na altura estendeu-se ao Parlamento.
Numa declaração política em plenário, o deputado socialista Jorge Seguro considerou legítimo que o presidente da Aicep tenha considerado desnecessária a criação de um novo programa europeu proposta por Paulo Rangel.
No entender de Jorge Seguro, o presidente da Aicep “limitou-se a esclarecer a existência de um bom programa nacional” e o cabeça-de-lista social-democrata às europeias fez “um ataque descabelado” a Basílio Horta ao adverti-lo de que se arriscava “estar a violar o dever de isenção” dos quadros da Administração Pública.
Também em defesa do presidente da Aicep, o então ministro da Economia, Manuel Pinho, afirmou que Paulo Rangel “tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta”.
Mas sempre na crista da onda socialista (por alguma razão é agora cabeça-de-lista pelo PS) Basílio Horta já dizia em Abril de 2008 que Portugal "já passou por crises piores" e está agora mais bem preparado para enfrentar a crise económica que se verifica actualmente.
Vê-se. Não se vê?
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