Os Serviços de Informações de Segurança (SIS) de Portugal (ou será – para não estar sempre a falar do Burkina Faso – da Serra Leoa?) em comunicado repudiam as declarações do director do Jornal “Público”, José Manuel Fernandes, e negam qualquer intervenção na difusão do e-mail no qual um dos seus jornalistas avança com o nome de Fernando Lima como a pessoa que liderou o «Caso das Escutas».
Calada a inimiga pública número um (Manuela Moura Guedes da TVI), o primeiro-ministro, José Sócrates, disse à SIC que não fará comentários sobre esta matéria: “Li a notícia mas esta não é a altura ideal para comentar. Estou em campanha eleitoral e é nisso que me concentro”, sublinhou o também secretário-geral do Partido Socialista.
Na base deste caso está a alegada autoria de Fernando Lima, antigo jornalista do Jornal de Notícias e assesssor do Presidente da República, Cavaco Silva, como responsável pelo «Caso das Escutas», de acordo a edição de hoje do “Diário de Notícias”.
O jornal diz que Fernando Lima revelou ao jornal “Público” que suspeitava estar a ser espiado pelo Governo. E assim, de suspeita em suspeita, se vai fazendo a vida do reino lusitano.
O encontro entre Fernando Lima e Luciano Alvarez, do “Público”, terá acontecido em Abril deste ano, num café em Lisboa, no qual o jornalista recebeu um dossier com a informação.
Posteriormente Luciano Alvarez enviou um e-mail ao correspondente do “Público” na Madeira, Tolentino Nóbrega, que é publicado hoje no “Diário de Notícias”, no qual conta toda a história: O Presidente da República achava que José Sócrates o andava a espiar e que por isso tinha enviado numa visita de Estado à Madeira um elemento do Ministério da Administração Interna para espiar os passos do Presidente.
No e-mail o jornalista do “Público” diz ainda que é mais seguro falar por e-mail com Fernando Lima do que pelo telefone, uma vez que alegadmente os telefones da Presidência estariam sob escuta.
Recorde-se que o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã já tinha revelado no dia 9 de Setembro que este “Caso das Escutas” havia surgido de Belém através da pessoa de Fernando Lima.
José Manuel Fernandes disse esta manhã à Rádio Renascença que o e-mail que hoje é publicado no “DN” foi forjado e que ninguém dentro do “Público” enviou o e-mail para o exterior.
“'Se ele parece fora dele e simultaneamente em, pelo menos, três órgãos de informação diferentes é por que houve uma intrusão no nosso sistema informático e uma colocação a seguir dessa troca de mails - com eventual truncagem de passagens de um dos mails com objectivos que eu só posso considerar políticos”, disse à RR José Manuel Fernandes.
O director do “Público” acrescenta ainda que '”isto é uma actuação típica dos serviços de informação e serviços de comunicação de imprensa”, e admite que o SIS possa estar envolvido nesta matéria, algo que entretanto foi desmentido em comunicado.
Conclusão? Muita parra e pouca, ou nenhuma, uva. Desde logo porque, ao contrário do que seria de esperar, os «macacos» desta história não estão nos galhos certos. E quando assim acontece (e acontece muitas vezes), os produtores de conteúdos continuam a dizer tudo o que lhes mandam dizer.
A convivência entre os diferentes poderes na Serra Leoa, perdão, em Portugal, não tem sido fácil. O suposto Estado de Direito democrático em Portugal ainda é, apesar dos anos, um feto que tarda em nascer.
É claro que o «quero, posso e mando» que hoje está instituído por essas Redacções fora, apenas serve quem entende que o jornalismo é uma mera forma de propaganda. Propaganda sobretudo político-económica. E é nesse contexto que deve ser entendida mais esta farsa protagonizada por bons bordeleiros.
Seja por via de assessores mais ou menos anónimos, seja por fontes bem colocadas mas igualmente anónimas, (quase todos) os Jornalistas são comidos à grande e à francesa com a conivência activa de muitos que trabalhando nas Redacções não passam de néscios a quem foi dado o poder de um capataz.
E, de facto, aos jornalistas falta-lhe cada vez mais autoridade moral para contestar o que quer que seja. Se todos podem ser jornalistas, se os jornalistas podem ser deputados, assessores de políticos, publicitários etc. nada mais é preciso para que o bordel esteja completo.
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