Alcides Sakala, meu velho e querido amigo dos tempos (entre muitos outros) dos bancos da escola no Huambo, é o responsável pelas relações externas da UNITA, acumulando com as funções de porta-voz. É, dizem-me, a personalidade mais aceite para sucessão de Isaias Samakuva.
Liderar a UNITA seria uma boa aposta. Liderar Angola seria, digo eu que sou obviamente suspeito, ainda melhor. O Alcides é uma das mais carismáticas e prestigiadas personalidades que poderia, ao contrário do que agora acontece, ajudar Angola a ser um verdadeiro Estado de Direito Democrático.
Mas como quem nasce direito tarde ou nunca se entorta, não creio que haja algum bem material que possa levar o Alcides a deixar de ter a postura erecta e digna dos seus antepassados.
Sempre que falo dele digo meu velho e querido amigo porque tenho orgulho nisso e por saber que ele foi, é e será um lapidar exemplo para os angolanos onde, obviamente, me incluo.
Na sua intervenção no debate sobre o Orçamento Geral dos Estado, faz este mês três anos, o Alcides disse com toda a clareza: "Vivemos numa sociedade marcada pela riqueza excessiva de uns e pela pobreza extrema da maioria".
É por isso que, tal como ele, também acredito que dizer o que pensamos ser a verdade é a melhor qualidade dos grandes Homens. O Alcides é um grande Homem, qualidade cada vez mais rara em Angola.
Recordo que, no seu primeiro discurso então como presidente da bancada parlamentar do maior partido da oposição, o Alcides Sakala disse que "a maior parte da população vive no limiar da pobreza, com menos de um dólar por dia, sendo incapaz de satisfazer as suas necessidades básicas".
E acrescentou que "só o crescimento da economia nacional fora das áreas estratégicas do petróleo e dos diamantes poderá resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais".
É por isso que defende a necessidade de "um orçamento virado para o crescimento e para o progresso social e não algo que mantenha imutável a situação de pobreza, o nível de analfabetismo e as assimetrias regionais".
O Alcides Sakala tem a sabedoria de quem sentiu, tantas vezes de forma dolorosa, os dois lados da História de Angola e, honrando esse conhecimento, continua a lutar para que os milhões que têm pouco passem a ter algo mais.
Juntando a experiência das matas à dos grandes areópagos da política internacional, o Alcides Sakala vai continuar a mostrar que nunca se esqueceu que Angola não se define – sente-se.
E de uma coisa todos podemos ter a certeza: Alcides Sakala sente Angola como poucos, como muito poucos.
1 comentário:
Ok, sei que vou, uma vz mais levar no alto quimbo mas como estou nas tintas aqui vai disto: subscrevo, quase na íntegra - não estive na escola com Sakala - este apontamento do Orlando Castro.
A UNITA pode não melhorar, até porque para isso seria necessário que deiuxassem, mas de certeza que não morreria e Sakala teria, quase certo, o apoio de outros que estão desiludidos com a actual situação dentro do Partido
Kandandu
Eugénio Almeida
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