O líder parlamentar do PS (Portugal) acusou hoje o PSD de "passar da asfixia democrática à excitação anti-democrática" e recordou que foi um Governo social-democrata que foi 'condenado' por pressões ilegítimas na TVI.
De Alberto Martins esperava mais. Frases e ideias ao estilo de Augusto Santos Silva não me convencem. Mesmo dando de barato que existe a febre eleitoral, deste dirigente socialista era esperada menos asfixia e, igualmente, menos excitação propagandística.
Ao que parece, e se calhar o PS até acredita que é a melhor forma, a estratégia de Santos Silva está a fazer escola. Que noutro contexto conseguiu malhar forte e feio nos jornalistas, é verdade. Daí, se calhar, o seu ascendente no partido.
"O PSD passou da asfixia democrática à excitação democrática", afirmou o líder da bancada socialista, Alberto Martins, numa declaração política na comissão permanente da Assembleia da República.
Referindo-se à intervenção que o líder da bancada do PSD tinha feito momentos antes e onde Montalvão Machado criticou o "poder controleiro e nefasto" do Governo, Alberto Martins disse ter-se tratado de uma declaração de "fundamentalismo, que não calha bem à democracia".
A propósito das acusações de "asfixia democrática" que os sociais-democratas têm insistentemente feito, Alberto Martins frisou que se tal fosse verdade, estaria em causa o normal funcionamento das instituições democráticas o que obrigaria a uma intervenção do Presidente da República.
Não deixa de ser curioso o PSD falar agora de "asfixia democrática" e de, ao longo dos últimos anos, nada ter feito para alivar a corda que muitos jornalistas tinham (e têm) na garganta e que, essa sim, os asfixiava e com eles a própria liberdade.
O líder da bancada do PS falou ainda das acusações do PSD aos atentados à liberdade de informação, lembrando que "a "única condenação" por parte da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) a um Governo por "tentativas de pressão ilegítima na TVI" aconteceu na altura do executivo de coligação PSD/CDS-PP.
Aí está. Alberto Martins assimilou os tiques de Santos Silva e quer, ao que parece, ultrapassá-lo. Então se a ERC nada diz é porque está tudo na santa paz de Deus? E o que diz o Sinsicato dos Jornalistas não conta para nada? E o que dizem, desde há muito, vários e credenciados jornalistas?
Alberto Martins reiterou ainda que o Governo já repudiou qualquer tentativa de envolvimento nas decisões da administração da TVI e disse ser agora necessário esperar pelo inquérito da ERC.
E será que o Governo também repudia o que mandou fazer noutros órgãos de comunicação social, pressionando nuns casos, exigindo noutros, chantageando em alguns, intimidando em muitos?
"Temos a nosso favor um património muito grande, fomos os fundadores da democracia. Nunca como hoje temos condições de debate democrático", sustentou Alberto Martins, parecendo passar ao lado de nunca como nesta legislatura ter havido tantos jornalistas incómodos despedidos e tantos propagandistas transformados em jornalistas...
Alberto Martins parece esquecer que a liberdade de informação e expressão não é propriedade de ninguém e não é, ao contrário do que pensa, algo que se conquiste uma vez e fique para sempre. A liberdade precisa de ser praticada todos os dias, a todas as horas, em todos os actos.
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