Angolanos e portugueses (todos de barriga cheia) manifestaram hoje, na região da Bairrada, Portugal, o interesse em organizar conjuntamente, a curto prazo, um Congresso sobre Gastronomia, com vista à troca de experiência e ao fortalecimento da luso-angolanidade.
Estou de acordo. Como sempre, seja em Luanda ou em Lisboa, nada como boas refeições para que as pessoas se entendam. E um Congresso gastronómico é mesmo o que faz falta.
Que muita gente em Angola passa fome já nem é notícia. Que em Portugal há cada vez mais gente com a barriga vazia, também não é notícia. Importante mesmo é a gastronomia.
Ao sugerir a iniciativa, num encontro entre uma delegação angolana e agentes do sector vinícola português, no Museu do Vinho Bairrada, o engenheiro agrónomo do Ministério do Ambiente angolano, Joaquim Laureano, indicou que o evento serviria para reforçar sectores como a hotelaria e o turismo.
Muito bem. Segundo dados da Comissão Europeia, as crianças representam 60% da população angolana, estimada em 12,5 milhões. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram, por seu lado, que metade dessas crianças não frequentam a escola, 45% sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos e que, apesar de a idade mínima para trabalhar ser os 14 anos, estima-se que 30% das crianças e adolescentes da minha terra, entre os 5 e os 14 anos, trabalhem.
Mas o que é isto comparado com o impacto de um Congresso de Gastronomia? Sim o que é?
Atrevo-me, e sem grande originalidade, a sugerir uma das ementas para esse Congresso Gastronómico. É a mesma que foi servida no almoço de José Sócrates com Eduardo dos Santos durante a Cimeira UE/África.
Ou seja: ovos mexidos com alheira de caça, tamboril com amêijoas, legumes estufados e arroz selvagem e uma sobremesa com doce de chocolate e laranja tostada. Os vinhos poderão ser do Douro: Esteva branco 2005, Quinta de Lagoalva tinto 2007 e Porto.
Aliás, penso que deveriam incluir nesse decisivo, e patriótico, congresso gastronómico uma vista às quintas do Douro que foram compradas por mais de um milhão de euros pelo general angolano Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”...
3 comentários:
Quanto mais leio o que escreve, mais aturdida fico!
Ainda dizem ,que a agricutura em Portugal, não dá para viver! Dá, mas só para meia dúzia...Ganadeiros, vinhateiros, "azeiteiros", só que ficam muito caladinhos. Aqui os meus vizinhos agricultores, são milionários e estamos a falar do norte!Que diabo se passa neste País?!
Tadinhos dos pequeninos africanos, especialmente aqueles, que têm Países, onde reina apenas a ignomínia! quase todos... infelizmente.
Não me lembro qual era o compositor alemão que continuava a compor música fingindo que não existiam campos de concentração nazis. Ele sabia muito bem que seres humanos morriam de fome, e de muitos mais mal tratos. Portugal é o tal compositor e Angola a brutal miséria restante. Diariamente penso sempre: mas que poderoso maremoto humano varrerá Angola sem a existência de terramoto.
Descobri-o hoje. Que magníficos artigos, principalmente para quem vive em Portugal onde só sobrevivem jornalistas sem coluna vertebral. Um abraço do
Pedro C.
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