"A liberdade de expressão e de informação foi um bem precioso que conquistámos no 25 de Abril e que todos os portugueses desejam que seja preservado", sublinhou hoje o presidente da Rpública, Cavaco Silva.
Todos os portugueses desejam? A não ser que alguma malta do PS (José Sócrates e Santos Silva, por exemplo) não seja portuguesa, creio que Cavaco Silva exagera. Quem quer preservar a liberdade de expressão e de informação não faz tudo para acabar com ela.
De vez em quando, como se não tivesse nada a ver com o que se passa nas ocidentais praias lusitanas, Cavaco Silva vai dando uns palpites. No passado dia 10 de Junho, disse ser inaceitável o alheamento dos portugueses da vida pública, considerando que a elevada abstenção nas eleições europeias “empobrece a democracia” e deve “fazer reflectir os agentes políticos”.
Tudo isto é verdade. Mas de quem será a culpa? Dos cidadãos que cada vez mais são vistos pelos políticos como mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, como números, ou daqueles que se julgam donos do reino por pertencerem a um casta diferente?
Cavaco Silva disse também que “em tempos reconhecidamente difíceis como aqueles em que vivemos, não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo, por mais pequeno que seja”.
Não é, Senhor Presidente, uma questão de se considerarem “dispensados de dar o seu contributo”, é antes uma questão de não aceitarem passar um cheque em branco a políticos em quem não acreditam. Mudem-se os políticos e as políticas e os portugueses passarão a estar na primeira linha do combate democrático.
Para Cavaco Silva, “o alheamento não é uma forma adequada - nem, certamente, eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades”. Tem razão. Mas o exemplo deve partir de cima.
Na altura, Cavaco disse que uma abstenção como a registada nas eleições europeias, na ordem dos 62 por cento, é “um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrece a nossa democracia”, salientou.
Não. Não é sinónimo de desistência, de resignação. É sintoma, claro, de que ou os políticos portugueses deixam de cantar no convés enquanto o navio se afunda, ou sujeitam-se a que o Povo saia à rua e os afunde.
“Quando estão em causa questões que a todos dizem respeito, nenhum de nós se pode eximir das suas obrigações, sob pena de a gestão da coisa pública ficar sem esse escrutínio indispensável que é o voto popular”, defendeu o Presidente da República.
Pois é. Mas quando são os próprios políticos a eximir-se das suas obrigações, à plebe só resta numa primeira fase mandar as eleições às malvas e, depois, sair à rua.
Se o país mudar de políticos, o Povo não quererá mudar de país, creio eu que continuo ingénuo.
1 comentário:
Sem espinhas! Tá tudo dito!
É assim mesmo... o Orlando a dizer verdades, é um espectáculo!
Será que ficou outra vez sem zon?!
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