No dia 13 de Novembro do ano passado, escrevi aqui (onde mais poderia ser?) um artigo intitulado "O País" imparcial e rigoroso à moda, é claro, de quem manda.
Dizia então que a banca de jornais em Angola iria passar a contar com um novo título, “O País”, que se anunciava como "imparcial e rigoroso" no tratamento das notícias, segundo prometia então o respectivo director, Luís Fernando.
“Imparcial e rigoroso”? Não está mal. Aliás, quem melhor que o Luís Fernando, um jornalista que levava ao fanatismo o seu amor (ou seria outra coisa?) pelo MPLA, para dirigir um semanário “imparcial e rigoroso”? Sim, quem? – perguntava eu na altura.
Numa cerimónia curta, realizada na altura da apresentação do jornal em Talatona, no município de Samba, Luanda, e em que esteve presente (como não podeia deixar de ser) o vice-ministro da Comunicação Social, Miguel Wadjimbi, Luís Fernando prometeu "imparcialidade e rigor no tratamento da notícia".
O Alto Hama dizia que a “imparcialidade e rigor” são a coluna vertebral do manual do MPLA, o único admissível num país (eu sei que há outros) que continua a confundir as esquinas da vida com a vida nas esquinas.
Luís Fernando, que fora director do diário estatal, órgão oficial do MPLA, Jornal de Angola, destacou ainda o empenho da redacção, que integra jornalistas portugueses e angolanos, alguns destes recrutados noutros títulos da imprensa angolana.
Empenho – recordo o então escrito aqui - é, aliás, coisa que não falta a todos aqueles que em Angola, como noutros países, precisam de se descalçar para contarem até 12. Empenho, subserviência e clientelismo que, mais uma vez, vai prostituir o Jornalismo e amamentar todos aqueles parasitas que, em vez de darem voz a quem a não tem (isso é que é Jornalismo), vão ampliar os latidos dos donos, dos chefes e similares.
"O semanário O País vai ser um jornal de referência na imprensa angolana", garantiu Luís Fernando.
Há dez meses terminei o artigo de opinião dizendo: Cá estamos, sentados, para ver se, mais uma vez, referência não vai rimar com subserviência... e muitos dólares.
Pois é. Luís Fernando foi demitido. Razões? Todas e mais algumas, menos as duas principais: Angola está longe de ser um Estado de Direito, e dar voz a quem a não tem é um crime.
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