Vamos lá dar uma ajudinha ao Governo- Basta, para começar, viver sem comer!

O Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva, disse hoje esperar que durante a campanha eleitoral para as legislativas "haja elevação nos debates" entre os vários candidatos e apelou à contenção nas despesas.

Tratando-se de um discurso tão politicamente correcto até parece destinar-se a um pais que seja de facto, não de jure, um Estado de Direito. Não é o caso, mas fica sempre bem. Quem não conhece o país até acredita.

Cavaco Silva falava aos jornalistas em Sortelha, no concelho do Sabugal, à margem da visita efectuada para se inteirar dos prejuízos causados pelos incêndios florestais que atingiram o concelho entre 30 de Agosto e 2 de Setembro, causando entre sete a dez milhões de euros de prejuízos.

"Que haja elevação nos debates, que haja serenidade, e que ela [a campanha eleitoral] corra bem até ao dia 27. Não posso dizer absolutamente mais nada", afirmou.

É pena que Cavaco Silva não queira dizer mais nada. Essa questão dogmática da equidistância faz com que os portugueses também comecem a pensar, se calhar com alguma razão, que o Presidente não deixa de ser farinha do mesmo saco.

É que se calhar, digo eu, seria bom os portugueses ouvirem o presidente falar, para além dos apelos à serenidade e à elevação, do mau (péssimo) estado da Nação que cada vez mais asfixia os que tentam dar voz aos milhões que comem e calam porque temem deixar de comer se não se calarem.

Em relação à postura a assumir pelos partidos durante a campanha, disse acreditar "que informem os cidadãos". "Não gastem muito dinheiro, porque o tempo é difícil, nesta campanha", defendeu também Cavaco Silva.

Os tempos, não era mau que o presidente o dissesse, só estão maus para os mais de 500 mil desempregados, para os reformados que foram lixados durante a vida activa e são agora mal pagos, para os jovens que não arranjam emprego, e para os dois mihões de portugueses que quase já aprenderam a viver sem comer...