domingo, agosto 09, 2009

Olhai para o que digo e não para o que faço
(falo de direitos humanos e quero o petróleo)

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse hoje em Luanda que as eleições presidenciais em Angola não devem ser adiadas e pediu um esforço no combate à corrupção.

No primeiro dia da sua visita a Angola, Hillary Clinton saudou a realização de eleições legislativas “pacíficas e credíveis” (não sei qual é a bitola norte-americana para “credíveis”) no ano passado, as primeiras em 16 anos, mas acrescentou que o país deve organizar “uma eleição presidencial no prazo previsto”, numa altura em que se admite que essa eleição, agendada para 2009, possa vir a ser adiada.

“Esperamos com impaciência que Angola aproveite esta etapa positiva adoptando uma nova constituição, perseguindo as pessoas que foram culpadas no passado pelas violações dos direitos do homem e organizando no prazo previsto uma eleição presidencial livre e justa”, afirmou a responsável pela diplomacia norte-americana, citada pela AFP, numa conferência de imprensa com o seu homólogo angolano, Assunção dos Anjos.

O discurso é bonito, nem outra coisa seria de esperar. Como é que os EUA julgam possível julgar os culpados pelas violações dos direitos humanos se, para isso, é preciso sentar no banco dos réus muitos dos actuais donos do poder?

“A corrupção é um problema em toda a parte e onde existe mina a confiança do povo na democracia, distorce a governação e impede o pleno envolvimento das populações na vida das sociedades”, afirmou Hillary Clinton, acrescentando que “é justo dizer que Angola começou a dar passos para melhorar a transparência”, refere a Reuters.

Provavelmente Clinton viu o que escapa à esmagadora maioria dos angolanos. Ou seja, viu alguns passos para melhorar a transparência. Não disse quais, mas também não poderia dizer muito mais.

Assunção dos Anjos disse que Angola está a esforçar-se por retirar milhões de pessoas da pobreza e melhorar a transparência.

Gostei. É sempre bom, apesar do dramatismo inerente, ouvir um ministro do partido que governa Angola desde 1975, o MPLA, reconhecer que há milhões de pessoas na pobreza. Não basta reconhecer, mas só isso já representa um fenomenal esforço.

“Infelizmente, não é possível erradicar a pobreza com uma varinha mágica. Não se pode dizer que não haverá pobres daqui a dois anos. Será erradicada através de programas bem estruturados que gerarão riqueza”, afirmou o ministro angolano.

E tem razão. Não é com uma varinha mágica que se acaba com os pobres. Aliás, como todos sabem, a varinha só funciona quando é para dar mais uns milhões aos poucos que já têm muitos milhões.

E assim, Hillary Clinton disse algumas coisas que a oposição queria ouvir e guardou para o recato dos gabinetes o essencial da questão: o petróleo.

2 comentários:

Anónimo disse...

E continua tudo na mesma... que assim lhes convém. Pena é, a minha varinha não funcionar contra esses poderosos corrompidos...
Angola tem riqueza suficiente para ninguém passar fome.
Angola é País para gerar qualidade de vida a todos os angolanos e mais alguns...
Mas esses ´"tubarões", estão no topo da cadeia alimentar e dão-se ao luxo de escolher a presa mais suculenta.
A minoria, que se tornou o flagelo das massas. Isto vai alastrar, a nível mundial, de uma forma avassaladora. E sempre o petróleo.

Anónimo disse...

Gostaria de a ouvir dizer o mesmo, no IRÃO!!