sexta-feira, agosto 07, 2009

Venha a nós o vosso petróleo e que se lixem
a corrupção, os direitos humanos, a fome...

Transparência nos negócios petrolíferos e respeito pelos direitos humanos são as mensagens que organizações não-governamentais esperam que sejam transmitidas pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, na visita este fim-de-semana a Angola.

"Esperamos que a secretária de Estado transmita uma mensagem forte ao Governo angolano que a corrupção não é boa, que esconder informação não é bom, que os EUA querem fazer negócios com uma Angola que seja estável e forte, próspera e feliz", disse Diarmid O'Sullivan, um dos activistas da Global Witness, à agência Lusa.

Esta organização anti-corrupção defende mais transparência do sector petrolífero para que os rendimentos beneficiem o povo angolano, e considera urgente que os governos ocidentais não ignorem este problema.

Como sonhar não custa...

Se o petróleo, bem como o partido que (des)governa Angola desde 1975, o MPLA, estão no centro das relações económicas bilaterais entre Angola e os EUA, com duas petrolíferas norte-americanas a operar poços que representam cerca de metade das exportações angolanas de petróleo em rama, o que fará Clinton que não seja elogiar o regime?

Segundo dados da Administração para a Informação Energética, organismo estatístico de Washington para o sector, o Bloco 15 ("off-shore" do Soyo), representa perto de 30 por cento da produção angolana, e é operado pelo "gigante" norte-americano ExxonMobil, através da subsidiária Esso, com uma participação de 40 por cento no consórcio.

A também norte-americana Chevron opera o Bloco 0 (Cabinda), de onde sai aproximadamente 20 por cento da produção angolana, tendo como parceiros a Sonangol, a TotalFinaElf e a ENI-Agip É ainda a Chevron que opera o Bloco 14, o primeiro de águas ultraprofundas a entrar em produção (105 mil barris em 2006).

Com este cenário, alguém se atreverá a dizer ao dono do poder angolano, José Eduardo dos Santos, que é preciso acabar com a corrupção?

E como o poderá dizer se, todos sabem, é muito mais fácil negociar com regimes corruptos de países ricos do que com regimes democráticos e sérios?

Sendo Angola o sexto maior fornecedor petrolífero dos Estados Unidos, alguém está a ver Hillary Clinton olhar para os caixotes do lixo de Luanda dos quais se alimentam muitos e muitos angolanos?

EUA e China recebem actualmente 90 por cento das exportações petrolíferas angolanas, que por sua vez contribuem com mais de 80 por cento do PIB e 83 por cento das receitas do Estado (2008).

Por estas e por outras é que Hillary Clinton vai elogiar os progressos feitos pelo regime angolano, assinar mais uns acordos, garantir mais alguns negócios (muitos dos quais não serão divulgados) e dar público conhecimento de que Angola está no caminho certo.

Sendo que o caminho certo se define não em função da corrupção e da violação dos direitos humanos mas, é claro, dos interesses económicos. Hillary Clinton está muito mais preocupada com o petróleo de Angola do que os angolanos.

E isso é crime? Não. Não é. Aliás, se até o próprio presidente Eduardo dos Santos está mais procupado com o petróleo do que com os angolanos...

1 comentário:

Anónimo disse...

O Presidente José Eduardo dos Santos, é dos homens mais poderosos e corruptos do Mundo. É daqueles que pensa que quando morrer, como os antigos Faraós, vai rico para o além! Agora, compactuar, como os EUA têm feito sempre, com esses corruptos, coloca-os ao mesmo nível.
Armas para venda, também não lhes falta e África é um bom mercado.
Parecem a marabunta em cima de Angola! Todos eles à procura da mesma coisa: açambarcamento das riquezas e Poder! Corrupção em primeira linha e sempre ao mais alto nível!