O Sindicato dos Jornalistas (SJ) portugueses divulgou uma “Proposta de agenda parlamentar para a Liberdade de Imprensa”, em que insta os que vierem a ser eleitos ou a assumir funções de governo a adoptar um conjunto de medidas visando defender e reforçar a causa da liberdade de informação.
Que é bonito, é. Mas não passa disso. Desde logo porque até mesmo os jornalistas estão mais interessados em manter o emprego, os que o têm, do que em discutir a Liberdade de Imprensa.
E também não estou a ver o próximo ministro a quem toque a pasta da Comunicação Social, seja ele um Augusto Santos Silva do PS ou do PSD (ou até de outro partido), muito interessado nessa coisa chata que só incomoda e que dá pelo nome de Liberdade de Imprensa.
Também não estou a ver as empresas donas das fábricas de produção de textos de linha branca interessadas na Liberdade de Imprensa, desde logo porque esse é um empecilho à liberdade de facturar, de fazer fretes, de mascarar propaganda como se fosse informação.
O SJ, considerando que a “Liberdade de Imprensa não pode continuar a servir de mero estandarte retórico em refregas políticas”, convoca as forças políticas concorrentes e todos os candidatos às eleições legislativas do próximo dia 27 a assumir “práticas mais consequentes com o discurso e compromissos mais coerentes com as declarações de intenção”.
É chover no molhado. Mas, também é verdade, se não for o sindicado a falar destas quimeras, quem o fará? É claro que o SJ sabe bem que o pão dos jornalistas cai sempre com a manteiga virada para baixo. Mesmo assim teima em querer tapar o sol com a peneira, mesmo quando o faz durante a noite.
Quer o SJ, e os partidos estão fartos de rir, a revisão imediata do Estatuto do Jornalista, designadamente no respeitante à defesa dos direitos de autor e da protecção do sigilo profissional.
Mas será que isso é relevante para uma profissão em vias de extinção? Em que parte da fileira de produção de textos de linha branca se enquadra o Estatuto? Em nenhuma. Não são jornalistas que lá trabalham.
Diz o SJ que urge rever a portaria relativa aos estágios de acesso à profissão. Qual profissão? Se é à de produtores de conteúdos, falta legitimidade ao Sindicato que é dos Jornalistas. Se respeita mesmo aos jornalistas, está desfasada porque essa é uma profissão que só existe em raros oásis do reino lusitano.
Salienta ainda o SJ que é urgente adoptar uma Lei Quadro do Sector Público da Comunicação Social e, entre outras medidas, criar um regime jurídico específico de garantias dos jornalistas e de outros trabalhadores da Comunicação Social.
Pois é. Lá continuamos nós a cantar e a rir no convés do navio, indiferentes ao facto de ele estar a afundar. É claro que o partido que formar governo sempre irá atirar meia dúzia de bóias, salvando os “jornalistas” que prestaram bons serviços ao partido e que, por isso, merecem ser assessores.
1 comentário:
E então?! com o exemplo do "comandante" do navio, mandar homem ao mar, sem mais nem para quê, ou sem explicações, está tudo dito. Temos um "comandante", que julga que o navio deixa de afundar por isso, mesmo que esse assessor, tenha sido fiel a esse comandante, durante 20 anos!
O que conta aqui, são as aparências (?!)
Pensando melhor... já nem sequer, se preocupam com isso!
Librdade de expressão?! essa deve ser para rir... até nos blogues, já pretendem dificultar!...
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