«O Tribunal de Comércio de Créteil decidiu ontem proceder à ‘Liquidação’ da Aniki Communications, a empresa que edita o LusoJornal. Esta decisão faz também com que o jornal cesse de ser editado a partir de hoje.
O LusoJornal era o único semanário franco-português de informação editado em França e tinha cerca de 35.000 leitores por semana. Uma parte dos leitores estava habituada a ler o jornal em papel, recuperando-o nos principais sítios de passagem da Comunidade e outra parte, talvez ainda mais importante numericamente, lia via internet. Sempre gratuito.
Desde 2004, mostrámos que é possível fazer um jornal de qualidade nas Comunidades, com informação de proximidade e sem necessariamente estar carregado de publicidade. As críticas que temos tido são muito positivas, pela seriedade do nosso trabalho e pela constância da nossa acção.
Desde 2004 soubemos encontrar o equilíbrio entre as diferentes forças da Comunidade, dando sempre a palavra a quem tem algo para dizer. Mostrámos independência política, diversidade de ideias, e tínhamos uma só ambição: informar, lutar pelos direitos cívicos dos Portugueses residentes em França, dando-lhes a informação necessária para uma completa integração em França, guardando sempre laços fortes com Portugal.
Uma Comunidade com mais de um milhão de pessoas tem necessariamente notícia para ser tratada, tem talentos para serem revelados, tem actividades para serem divulgadas,...
Para além da Comunidade portuguesa, as demais Comunidades lusófonas residentes em França, nomeadamente a Comunidade brasileira e a Comunidade Cabo-verdiana, foram devidamente abordadas nas páginas do LusoJornal.
Mas, para além de editar o LusoJornal, a Aniki Communications também produzia conteúdos para televisão. O canal franco-português CLP TV faliu em Outubro de 2008 e deixou-nos uma dívida enorme. Esta dívida teve um grande impacto negativo na nossa empresa.
O LusoJornal é hoje um projeto com benefícios, mas, segundo os Juízes, não são suficientes para absorver as dívidas anteriores, essencialmente ao fisco.
Batemos-nos, sobretudo nos últimos meses, para salvar a empresa. Ontem apresentámos no Tribunal de Créteil uma evolução bastante favorável da nossa situação. Mas, curiosamente, o Tribunal escolheu a fórmula mais simples e radical, e pôs termo ao nosso projecto.
Em meu nome pessoal, e em nome de toda a equipa do LusoJornal, quero agradecer a fidelidade dos leitores e também a sua interatividade connosco. Quero agradecer aos responsáveis pelos espaços onde o LusoJornal era distribuído, aos imensos colaboradores que tínhamos pelo país e aos nossos clientes, com quem mantínhamos também relações de amizade. Obrigado a todos.
Durante estes últimos meses de luta para salvar a empresa, tivemos, é verdade, alguns apoios. Houve quem estivesse a nosso lado. Nunca nos esqueceremos destas ajudas!
Este é um momento difícil para nós. Sabemos que a Comunidade portuguesa ficará mais pobre sem este órgão de comunicação.
Mas quem sabe se o projecto interessará a algum investidor que queira dar continuidade ao jornal. Se tal for o caso, a nossa disponibilidade é total para que o LusoJornal possa voltar, ainda mais reforçado. Estamos abertos a qualquer proposta que nos possa ser formulada.
No que nos diz respeito, as Comunidades portuguesas continuam a ser o nosso principal pólo de interesse.
Cumprimentos e até sempre,
Carlos Pereira
Director do LusoJornal»
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