O Presidente da República de Portugal desafiou hoje, em Luanda, os países que falam português a incentivar a luta para que ganhe o estatuto de língua oficial das Nações Unidas, considerando que não se pode desperdiçar as suas “enormes potencialidades”.
“Não podemos desperdiçar por mais tempo as enormes potencialidades que o facto de partilharmos a mesma língua coloca ao nosso alcance”, frisou Cavaco Silva, numa intervenção na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, no âmbito da sua visita a Angola.
“É do interesse de todos e de cada um dos nossos países que continuemos, se possível com maior dinamismo, o trabalho até aqui já realizado com vista à afirmação internacional da língua portuguesa, em particular no quadro das Nações Unidas, onde ela justifica há muito o estatuto de língua oficial”, acrescentou.
E se até aqui Cavaco Silva esteve bem, baixou consideravelmente ao admitir que “alguma coisa já se avançou”, nomeadamente com a criação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, mas sublinhou que “seria um voltar de costas à realidade e um enorme erro político olhar para o património que é, para todos, a língua portuguesa como se ele representasse uma questão meramente simbólica”.
A CPLP, em termos práticos, não passa de mais um elefante branco (provavelmente de vergonha) que só serve, apesar dos princípios, para alimentar ilustres de qualquer coisa nos animados, bem alimentados e regados, areópagos da política mais ou menos lusófona.
Dar ânimo à língua portuguesa passa pela revitalização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que “não pode ficar paralisado como simples aspiração”, disse Cavaco Silva, mas antes de mais a “primeira tarefa” passa pelo reforço do ensino do Português.
Como é seu estilo, Cavaco Silva gosta das meias palavras que – em bom português – servem sempre para agradar a gregos e troianos ou, melhor dizendo, a brasileiros e angolanos.
É claro que, tendo como bitola um discurso politicamente correcto, Cavaco Silva não poderia dizer que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, bem como a própria CPLP, deveriam abrir falência.
E exemplo mais elucidativo é o da mais que certa entrada na CPLP, como membro de pleno direito, da Guiné-Equatorial, que tem tanto de lusofonia, de língua portuguesa, como as penas de um camelo.
A Guiné-Equatorial é, aliás, o exemplo acabado de que a CPLP deve abrir falência e dedicar-se, sobretudo pela experiência que tem em meter água, à pesca.
E, para além da língua (e a tal CPLP define-se como de língua portuguesa), Teodoro Obiang (na foto com Cavaco Silva), o presidente da Guiné-Equatorial há 31 anos, é tão democrata e respitador dos direitos humanos como o Imperador Bokassa, Idi Amin Dada, Mobutu Sese Seko ou Adolfo Hitler.
É claro que para o dono da CPLP, Lula da Silva, como aliás para todos os restantes (ir)responsáveis da organização, a democracia e os direitos humanos têm, talvez por força do Acordo Ortográfico, um significado diferente. Tão diferente que quase sempre aparece a seguir ao... último.
Tão diferente que, em Janeiro de 2006, a Petrobras adquiriu à empresa norte-americana Chevron um bloco para explorar petróleo na Guiné-Equatorial em águas profundas, especialidade da petrolífera brasileira.
Tão diferente que a construtora Andrade Gutierrez também tem actuado no país por intermédio da sua subsidiária em Portugal.
Tão diferente que essa coisa chamada CPLP aceita impávida, serena e de barriga cheia (pouco importa, por exemplo, que dois em cada três cidadãos da Guiné... Bissau morram de fome) que o seu próximo líder, a partir de Julho, seja o presidente de Angola, não eleito, e que está no poder, tal como Obiang, há 31 anos e o seu partido, o MPLA, é dono do país desde a independência, em 1975.
Aliás, a verdade é que ninguém se atreve a perguntar a Cavaco Silva, por exemplo, se acha que Angola respeita os direitos humanos na sua colónia de Cabinda, ou se é possível a presidência da CPLP ser ocupada por um país cujo presidente, José Eduardo dos Santos, não foi eleito.
A verdade, incómoda para os donos do poder, seja em Portugal, Moçambique, Brasil ou Angola, é que a CPLP está a ser utilizada de forma descarada para fins comerciais e económicos, de modo a que empresas portuguesas, angolanas e brasileiras tenham caminho livre para entrar nos novos membros, caso da Guiné-Equatorial.
Reconheça-se, contudo, que tomando como exemplo Angola, a Guiné-Equatorial preenche, com excepção da língua, todas as regras para entrar de pleno e total direito na CPLP. Não sabe o que é democracia mas, por outro lado, tem fartura de petróleo, o que é condição “sine qua non” para comprar o que bem entender... mesmo o direito de dizer que adopta o português como língua oficial.
Obiang, que a revista norte-americana “Forbes” já apresentou como o oitavo governante mais rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank, dos EUA, tem sido acusado (tal como como o seu homólogo angolano) de manipular as eleições e de ser altamente corrupto, tal como o que se passa em Angola.
Obiang, que chegou ao poder em 1979, derrubando o tio, Francisco Macias, foi reeleito no ano passado com 95 por cento dos votos oficialmente expressos (também contou, como em Angola, com os votos dos mortos), mantendo-se no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus guarda-costas marroquinos.
Os vastos proventos que a Guiné-Equatorial recebe da exploração do petróleo e do gás natural poderiam dar uma vida melhor aos 600 mil habitantes dessa antiga colónia espanhola, mas a verdade é que a maior parte deles vive abaixo da linha de pobreza. Em Angola são 70% os pobres...
“É do interesse de todos e de cada um dos nossos países que continuemos, se possível com maior dinamismo, o trabalho até aqui já realizado com vista à afirmação internacional da língua portuguesa, em particular no quadro das Nações Unidas, onde ela justifica há muito o estatuto de língua oficial”, acrescentou.
E se até aqui Cavaco Silva esteve bem, baixou consideravelmente ao admitir que “alguma coisa já se avançou”, nomeadamente com a criação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, mas sublinhou que “seria um voltar de costas à realidade e um enorme erro político olhar para o património que é, para todos, a língua portuguesa como se ele representasse uma questão meramente simbólica”.
A CPLP, em termos práticos, não passa de mais um elefante branco (provavelmente de vergonha) que só serve, apesar dos princípios, para alimentar ilustres de qualquer coisa nos animados, bem alimentados e regados, areópagos da política mais ou menos lusófona.
Dar ânimo à língua portuguesa passa pela revitalização do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, que “não pode ficar paralisado como simples aspiração”, disse Cavaco Silva, mas antes de mais a “primeira tarefa” passa pelo reforço do ensino do Português.
Como é seu estilo, Cavaco Silva gosta das meias palavras que – em bom português – servem sempre para agradar a gregos e troianos ou, melhor dizendo, a brasileiros e angolanos.
É claro que, tendo como bitola um discurso politicamente correcto, Cavaco Silva não poderia dizer que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, bem como a própria CPLP, deveriam abrir falência.
E exemplo mais elucidativo é o da mais que certa entrada na CPLP, como membro de pleno direito, da Guiné-Equatorial, que tem tanto de lusofonia, de língua portuguesa, como as penas de um camelo.
A Guiné-Equatorial é, aliás, o exemplo acabado de que a CPLP deve abrir falência e dedicar-se, sobretudo pela experiência que tem em meter água, à pesca.
E, para além da língua (e a tal CPLP define-se como de língua portuguesa), Teodoro Obiang (na foto com Cavaco Silva), o presidente da Guiné-Equatorial há 31 anos, é tão democrata e respitador dos direitos humanos como o Imperador Bokassa, Idi Amin Dada, Mobutu Sese Seko ou Adolfo Hitler.
É claro que para o dono da CPLP, Lula da Silva, como aliás para todos os restantes (ir)responsáveis da organização, a democracia e os direitos humanos têm, talvez por força do Acordo Ortográfico, um significado diferente. Tão diferente que quase sempre aparece a seguir ao... último.
Tão diferente que, em Janeiro de 2006, a Petrobras adquiriu à empresa norte-americana Chevron um bloco para explorar petróleo na Guiné-Equatorial em águas profundas, especialidade da petrolífera brasileira.
Tão diferente que a construtora Andrade Gutierrez também tem actuado no país por intermédio da sua subsidiária em Portugal.
Tão diferente que essa coisa chamada CPLP aceita impávida, serena e de barriga cheia (pouco importa, por exemplo, que dois em cada três cidadãos da Guiné... Bissau morram de fome) que o seu próximo líder, a partir de Julho, seja o presidente de Angola, não eleito, e que está no poder, tal como Obiang, há 31 anos e o seu partido, o MPLA, é dono do país desde a independência, em 1975.
Aliás, a verdade é que ninguém se atreve a perguntar a Cavaco Silva, por exemplo, se acha que Angola respeita os direitos humanos na sua colónia de Cabinda, ou se é possível a presidência da CPLP ser ocupada por um país cujo presidente, José Eduardo dos Santos, não foi eleito.
A verdade, incómoda para os donos do poder, seja em Portugal, Moçambique, Brasil ou Angola, é que a CPLP está a ser utilizada de forma descarada para fins comerciais e económicos, de modo a que empresas portuguesas, angolanas e brasileiras tenham caminho livre para entrar nos novos membros, caso da Guiné-Equatorial.
Reconheça-se, contudo, que tomando como exemplo Angola, a Guiné-Equatorial preenche, com excepção da língua, todas as regras para entrar de pleno e total direito na CPLP. Não sabe o que é democracia mas, por outro lado, tem fartura de petróleo, o que é condição “sine qua non” para comprar o que bem entender... mesmo o direito de dizer que adopta o português como língua oficial.
Obiang, que a revista norte-americana “Forbes” já apresentou como o oitavo governante mais rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank, dos EUA, tem sido acusado (tal como como o seu homólogo angolano) de manipular as eleições e de ser altamente corrupto, tal como o que se passa em Angola.
Obiang, que chegou ao poder em 1979, derrubando o tio, Francisco Macias, foi reeleito no ano passado com 95 por cento dos votos oficialmente expressos (também contou, como em Angola, com os votos dos mortos), mantendo-se no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus guarda-costas marroquinos.
Os vastos proventos que a Guiné-Equatorial recebe da exploração do petróleo e do gás natural poderiam dar uma vida melhor aos 600 mil habitantes dessa antiga colónia espanhola, mas a verdade é que a maior parte deles vive abaixo da linha de pobreza. Em Angola são 70% os pobres...
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