quinta-feira, julho 01, 2010

Prestígio das instituições? Onde?

No final da reunião da bancada do Partido Socialistas, em que as portagens voltaram a ser o prato principal de um país (Portugal) faminto, Francisco Assis confessou incómodo com o impasse.

“Este impasse em nada contribui para o prestígio das instituições. Não há razões de fundo para não se chegar a um consenso”, afirmou aos jornalistas o líder parlamentar do PS.

Se bem que a questão das SCUT (auto-estradas sem custos(?) para os utilizadores) esteja na ordem do dia, penso que o prestígio das instituições está há muito desprestigiado por outras acções deste governo, destes deputados, destes políticos.

Ter 700 mil desempregados, 20 por cento da população na miséria e outros 20 por cento com ela sentada na soleira da porta é, talvez, o exemplo acabado de que as instituições, mas sobretudo os seus protagonistas, não têm prestígio algum.

Mas há mais exemplos. Muitos mais. Um país que tem um primeiro-ministro (José Sócrates) que se vira para um deputado e diz: "Manso é a tua tia, pá!"; que teve um ministro da economia (Manuel Pinho) que faz uns cornos para outro deputado; que tem um deputado (Ricardo Rodrigues, com quem Francisco Assis foi solidário) que rouba – ele chama-lhe “tomar posse” – os gravadores aos jornalistas que o entrevistavam... não sabe sequer o que é prestígio.

Se os deputados portugueses (quase) transformaram o Parlamento num prostíbulo, se o Governo dá os exemplos que dá, que moral resta seja a quem for para se insurgir contra um “impasse que em nada contribui para o prestígio das instituições”?

Recordam-se, por exemplo, da primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde, em 9 de Dezembro de 2009, ter ficado marcada pela troca de ofensas entre os deputados Maria José Nogueira Pinto (PSD) e Ricardo Gonçalves (PS)?

Num estilo socialista que está a fazer escola (há notícias de que poderá ser exportado para o Burkina Faso), o deputado Ricardo Gonçalves, professor de Filosofia eleito por Braga, motivou a irritação de Maria José Nogueira Pinto, que o apelidou de "palhaço".

No meio da palhaçada que por norma são as comissões de inquérito, a deputada disse que "não sabia que tinham contratado um palhaço" para a Comissão Parlamentar de Saúde.

Em resposta, Ricardo Gonçalves teceu comentários sobre a troca de cor política por parte de Maria José Nogueira Pinto, coisa que – convenhamos – nunca existiu no PS... ao que parece.

“Não fiquei ofendido com a afirmação da deputada Maria José Nogueira Pinto. A senhora está sempre a mudar de partido. Vende-se por qualquer preço e chamar-me palhaço considero um elogio porque são muito importantes por esta altura do Natal”, disse então Ricardo Gonçalves.

Crê-se, aliás, que terá sido esta brilhante actuação de Ricardo... Gonçalves, embora num palco secundário do prostíbulo-mor, que terá motivado a veia cómica (mas igualmente criminal) de Ricardo... Rodrigues.

E se, na minha opinião, chamar palhaços a alguns deputados é grave (por ofensa directa aos verdadeiros palhaços), dizer que a deputada (“vende-se por qualquer preço”) é uma prostituta – mesmo que seja na versão “soft” de cariz intelectual – já não me parece tão grave dado o contexto prostibular em que (con)vivem alguns deputados.

Se calhar, digo eu do alto da minha ingenuidade, os deputados do prostíbulo (outrora chamado de Parlamento) apenas seguem os exemplos dos mais altos representantes do bacanal colectivo que, no mesmo local, falaram de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice” e “política de fechadura”...

E como se isso não fosse suficiente, ainda aparecem alguns com lata para falar do prestígio das instituições.

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