Como Portugal não tem problemas graves para resolver no imediato (os 700 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os 20% de pobres são uma questão de longo prazo), os políticos resolveram agora brincar com, ou à Constituição.
Vitalino Canas , um dos mais acérrimos acólitos de José Sócrates (pelo menos enquanto ele for líder), considera que a proposta de Passos Coelho de reforço dos poderes do Presidente da República é uma matéria “acessória", que demonstra um “pensamento vazio sobre a revisão constitucional” ou uma “agenda escondida”.
Não está mal. O léxico político-parasitário do reino soma assim o “pensamento vazio” e a “agenda escondida” a outras pérolas suínas já emblemáticas, como são os casos de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice” e “política de fechadura”.
Mas da autoria de Vitalino Canas há mais. "É grave que o presidente do PSD, em vez de ter procurado em Madrid coordenar respostas contra a crise, tenha antes procurado salvaguardar os interesses de uma empresa espanhola contra os interesses de Portugal", disse o dirigentes socialistas, acrescentando, com a sublime e erudita capacidade que lhe é peculiar, que Passos Coelho "ajoelhou-se aos interesses de uma empresa espanhola contra o interesse nacional".
Mas há mais: "Fiquei incrédulo e estupefacto quando tomei conhecimento dessa alteração estatutária (lei da rolha decididida no Congresso do PSD). A confirmar-se essa alteração estatutária, quase 36 anos após o 25 de Abril de 1974, estaremos perante uma verdadeira lei da rolha, uma lei estalinista implementada por um partido democrático", afirmou em Março deste ano Vitalino Canas.
Recordar-se-á Vitalino Canas que, de acordo com António Barreto, “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”?
Recordar-se-á Vitalino Canas que, sempre citando António Barreto, “este é o mundo em que vivemos: a mentira é uma arte. Esta é a nossa sociedade: o cenário substitui a realidade. Esta é a cultura em vigor: o engano tem mais valor do que a verdade”?
"Hoje em dia, tendo em conta as dificuldades, seria obviamente importante haver o maior consenso possível", disse Vitalino Canas ao Jornal de Negócios (Fevereiro de 2009), quando confrontado com a manifestação de disponibilidade de Manuela Ferreira Leite para um pacto de regime.
«Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizemos mal.»
"Hoje em dia, tendo em conta as dificuldades, seria obviamente importante haver o maior consenso possível", disse Vitalino Canas ao Jornal de Negócios (Fevereiro de 2009), quando confrontado com a manifestação de disponibilidade de Manuela Ferreira Leite para um pacto de regime.
«Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizemos mal.»
Quando me desafiaram a dizer quem seria o autor de tão brilhante espelho de uma governação ao estilo do Burkina Faso, calculei que teria sido Adolf Hitler ou um sucedâneo dos muitos que, infelizmente, ainda por aí andam.
Errado. Tentaram ajudar-me dizendo que era alguém da Lusofonia (malandros!). Mordi o isco e disparei: José Eduardo dos Santos. Completamente ao lado. Pensando melhor, alvitrei que deveria ser João Gomes Cravinho. Também não. Mas estava próximo. Fora afinal (e eu não acertei) Vitalino Canas, porta-voz do Partido Socialista de José Sócrates...
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