A imprensa italiana viverá amanhã um “dia de silêncio” em protesto contra a “lei da rolha” imposta pelo governo de Silvio Berlusconi, que limita as escutas telefónicas nas investigações policiais bem como a sua divulgação.
Tal seria possível em Portugal? Claro que não. No reino lusitano quem manda nos jornais são os seus donos e quem manda nestes é o governo socialista, seja através dos sipaios a quem chama directores, ou dos chefes do posto a quem chama administradores.
Os primeiros a aderirem ao dia de paralisação foram os jornalistas da informação escrita, o que fará com que amanhã os quiosques italianos abram sem alguns dos mais importantes jornais diários. Mas também televisões, rádios e agências de notícias aderiram ao protesto e vão interromper os seus serviços informativos.
No reino lusitano tal nunca seria possível. Alguém está a ver a agência de notícias local, a Lusa, a alinhar numa coisa dessas? E não está porque, se tal fosse necessário, o presidente da empresa a dizer não há nada para ninguém por que "é assim que eu quero e é assim que vai ser".
A “jornada de silêncio” foi promovida pela Federação Nacional da Imprensa Italiana com o objectivo de alertar para o perigo de “censura prévia” que trará a nova lei.
E se a censura prévia, tal como a auto-censura, podem eventualmente ser novidade em Itália, em Portugal já é comum há muito tempo. É, aliás, uma fórmula de “jornalismo” premiada por quem manda no reino.
A legislação em causa pretende limitar a utilização das escutas telefónicas nas investigações policiais e prevê a punição, incluindo a pena de prisão, para os jornalistas que publiquem o seu conteúdo.
José Sócrates não tardará a adoptar tal lei. E quanto arrependido estará de o não ter feito enquanto chefiava um governo maioritário. Teria, reconheço, evitado um monte chatices consigo e com os seus muchachos.
Segundo a federação sindical, o protesto será “um dia de silêncio especial contra todos os silêncios quotidianos que a lei imporá [se aprovada] aos meios de comunicação social”.
A paralisação dos media italianos foi precedida de várias manifestações de protesto, como as que ocorreram no dia 1 de Julho em 22 cidades italianas, onde milhares de pessoas saíram à rua para dizer “não” à nova lei, que está ainda a aguardar o debate final no Parlamento italiano.
O diploma prevê, por exemplo, 30 dias de prisão e sanções até 10 000 euros para os jornalistas que publiquem as escutas durante as investigações ou de processos em segredo de justiça e multas até 450 000 euros para os editores que o permitam.
Os meios de comunicação social não poderão sequer publicar as actas judiciais resumidas, ficando proibida a divulgação de documentação relativa a conversas telefónicas ou comunicação por e-mail.
Antigamente dizia-se que se o jornalista não procurava saber o que se passava era um imbecil. Também se dizia que se sabia o que se passava e se calava era um criminoso. Mas isso era antigamente...
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