O presidente moçambicano, Armando Guebuza, considerou hoje “especulação” as notícias de que a Guiné-Equatorial pretende tornar-se membro da Comunidade de Países de... Língua Portuguesa (CPLP), afirmando que o país da África Ocidental não apresentou nenhuma solicitação.
“Não temos conhecimento” da provável proposta da Guiné-Equatorial passar a membro da CPLP, disse Armando Guebuza, num manifesto e inequívoco atentado à inteligência de todos, a começar pelos moçambicanos.
Recorde-se que o presidente moçambicano e líder do partido que governa Moçambique, Frelimo, desde a independência, considerou no passado dia 29 de Abril, em Lisboa, que a possível adesão da Guiné-Equatorial à CPLP poderá servir para aquele país "melhorar o seu relacionamento", nomeadamente no que diz respeito aos direitos humanos.
Questionado sobre se concordava com a adesão à CPLP de um país que é referenciado pelas organizações internacionais no que respeita à violação dos direitos humanos, Guebuza disse acreditar que a Guiné-Equatorial vai "fazer tudo para se conformar com aquilo que são as normas na CPLP".
A verdade, incómoda para os donos do poder, seja em Portugal, Moçambique ou Angola, é que a CPLP está a ser utilizada de forma descarada para fins comerciais e económicos, de modo a que empresas portuguesas, angolanas e brasileiras tenham caminho livre para entrar nos novos membros, caso da Guiné-Equatorial.
Hoje, em declarações aos jornalistas, no fim de uma visita de trabalho à província de Maputo, o chefe de Estado moçambicano lembrou que a “Guiné-Equatorial é hoje observadora” da organização e, se tiver intenção de aderir à comunidade, terá que “haver uma solicitação clara”, para que os oito países lusófonos analisem a proposta.
Mas, afinal, o que era verdade em Abril deixou de o ser, para Armando Guebuza, em Julho? Há uns meses Guebuza dizia que o regime de Teodoro Obiang (na foto com Robert Mugabe) iria "fazer tudo para se conformar com aquilo que são as normas na CPLP", e hoje diz que tudo não passa de especulação?.
“Temos é que ver se há intenção de a Guine-Equatorial passar a ser membro da CPLP e que propostas são apresentadas. Temos que trabalhar na base da solicitação e não na base de uma especulação”, afirmou Guebuza que, para além de gozar com a nossa chipala, passa um atestado de menoridade intelectual a todos os que – ao contrário de Obiang – falam português.
“Especulação não. Tem que haver uma solicitação clara, para que nós possamos ler e compreender, para ver qual é o seu alcance. A partir dai é que podemos nos pronunciar”, assinalou Armando Guebuza, dando o dito por não dito, eventualmente para agradar a alguém... que dentro de dias se saberá quem é.
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