sábado, julho 10, 2010

Quem sabe, sabe! Quem não sabe...
vai a Angola aprender com o mestre

O Presidente da República portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, desloca-se a Angola entre os dias 18 e 24 deste mês. Esta será a primeira deslocação de Cavaco Silva, enquanto Presidente da República, a Angola.

Lá vão os amplificadores de voz de quem já tem voz, os jornalistas, mostrar ao mundo o presidente das ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, considerar excelentes as relações com um país que vai de ”Cabinda ao Cunene”, bem como com um partido (MPLA) que está no poder desde 11 de Novembro de 1975, para já não falar do homólogo José Eduardo dos Santos que, por sinal, só está no poder há 31 anos.

A esses jornalistas, bem como a Cavaco Silva, não vai sobrar tempo (nunca sobra) para mostrar ao mundo que 68% (68 em cada 100) dos angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.

Também não sobrará tempo para dizer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

Muito menos tempo haverá para dizer que Angola, depois de ter estado em 2008 na posição 158 no “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, passou em 2009 para a ... 162.

Igualmente faltará oportunidade para mostar que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.

Creio que, por dificuldades de agenda do presidente e de alguns dos seus servos produtores de conteúdos, também ficará por dizer que 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.

Por contar estará ainda a certeza de que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder..

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