D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas portugueses, diz que não entende bem as medidas de austeridade impostas pelo Governo, avisando que poderão ter elevados os custos sociais.
E eu a julgar que estava isolado nesta dificuldade de comprender as teses do sumo pontífice do PS, José Sócrates, agora (muio) bem acompanhado com o seu par de tango, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
“É preciso ter muito cuidado. Porque é nestas horas que se fazem grandes fortunas. E, sobretudo, é nestas horas em que os mais pobres ficam mais pobres e alguns ricos ficam muitíssimo mais ricos”, disse o prelado no Funchal, à margem da comemoração dos 58 anos da Força Aérea Portuguesa.
Cá na casa tem-se dito que o governo socialista, recentemente apoiado pelo PSD, tudo tem feito para que os poucos que têm milhões passem a ter mais milhões, ao mesmo tempo que os milhões que têm pouco ou nada passem a ter ainda menos.
Por alguma razão o reino lusitano e socialista tem 700 mil desempregados, tem 20% da população a viver na miséria e mais 20% a viver na pobreza.
Por alguma razão os mais recentes (são do passado dia 2) dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia apontam para uma contínua subida da taxa de desemprego em Portugal nos últimos meses, já que era de 10,4 por cento em Fevereiro, 10,6 em Março e 10,8 em Abril, atingindo em Maio um novo máximo de 10,9 por cento. Sendo que, comparativamente a Maio de 2009, a taxa de desemprego subiu um ponto e meio em Portugal.
“Nós temos de lutar e dizer em voz alta, com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas, mas respeitando antes de mais a verdade”, apontou D. Januário Torgal Ferreira.
É claro que ao bispo das Forças Armadas é mais fácil dizer estas verdades. Desde logo porque, ao que julgo, ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, não o vai despedir ou – como faz o governo – dar cobertura a despedimentos colectivos nas Forças Armadas.
Eu sei que caberia aos jornalistas (ainda há por aí alguns que teimam em dar voz a quem a não tem) estar na primeira linha dos que, “com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas”, devem sobretudo “respeitar antes de mais a verdade”.
No entanto, por experiência própria, os jornalistas sabem que, neste reino socialista lusitano, dizer a verdade é mais de meio caminho andado para o desemprego.
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