Os trabalhadores despedidos do Rádio Clube Português entregaram esta semana aos grupos parlamentares, a quem solicitaram reuniões, uma exposição sobre o processo de despedimento colectivo de que são alvo e as manobras pouco transparentes da Media Capital Rádios para silenciar a estação.
O manifesto lembra (como se Portugal fosse um Estado de Direito) que o Rádio Clube Português foi a “incubadora do conceito de jornalismo radiofónico em Portugal”, sublinha que o seu encerramento “deixa um vazio no espaço radiofónico” nacional, aponta as incoerências de gestão – tantas que se questiona quais as verdadeiras intenções da Media Capital Rádios –, e chama a atenção dos partidos representados na Assembleia da República para a lei da rádio que está em discussão na especialidade, “para que se evitem erros que podem custar caro à rádio”.
O Rádio Clube Português nasceu nos anos 30 do século XX, pelas mãos do major Botelho Moniz. O crescimento levou-a a ser uma das rádios identificadas com o regime do Estado Novo.
Mas a ironia da história deu ao Rádio Clube Português um papel decisivo na queda do regime de Salazar e Caetano. Os estúdios da Rua Sampaio e Pena, em Lisboa, foram transformados na voz do Posto de Comando do MFA, em 25 de Abril de 1974.
Durante as nacionalizações do PREC, o Rádio Clube Português foi integrado na RDP (Radiodifusão Portuguesa), transformado primeiro em RDP 3, e mais tarde, no final dos anos 70, em Rádio Comercial.
A marca Rádio Clube Português seria retomada pela família Botelho Moniz, nos anos 90, com a utilização da frequência da Rádiogest, em Lisboa (96,6 Mhz). Um renascimento que durou pouco mais de quatro anos, três deles em associação com a Rádio Nova, do Porto, (grupo SONAE).
O Rádio Clube Português tem a terceira vida, como marca, desde 12 de Março de 2003, data em que substituiu a Rádio Nostalgia, na rede regional Sul FM (originalmente atribuida ao CMR, e mais tarde entregue à Nostalgia ). É o regresso do Rádio Clube Português à rua Sampaio e Pina, e ao universo da Rádio Comercial (Grupo Media Capital)
Uma alteração accionista ocorrida em 2006 no Grupo Media Capital (o grupo espanhol PRISA adquiriu a maioria do capital da empresa), e um novo director de informação (Luís Osório), levaram a uma nova transformação (29 de Janeiro de 2007), e o Rádio Clube passou a ser uma rádio “de palavra” e com forte conteúdo informativo (programas all news, debates, desporto, etc...)
O despedimento do director de informação em Julho de 2009, a troca de frequências, entre Novembro e Abril deste ano (o Rádio Clube cingia-se nos últimos meses às cidades de Lisboa; Santarém, Cantanhede, Aveiro, e Valongo), anteciparam o anúncio da “descontinuação” da marca Rádio Clube, pela administração da Media Capital Rádios no dia 8 de Julho de 2010, e o despedimento de 36 pessoas, de acordo com um comunicado da mesma administração.
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