Treze personalidades dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) subscreveram uma Carta Aberta contra a admissão da Guiné-Equatorial como membro da CPLP.
“A admissão da Guiné-Equatorial na CPLP constituiria um precedente inaceitável – com amplas consequências políticas - na prática e na ética da organização e levaria à sua grave descredibilização”, refere o documento.
A missiva, intitulada “Os princípios e os direitos não se trocam por negócios”, é uma iniciativa promovida pelo CIDAC - Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, o Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos e a secção portuguesa da “Pax Christi”.
Em clara contestação à ditadura de Teodoro Obiang, presidente da Guiné-Equatorial, os signatários apelam a um «não» inequívoco à admissão desta nação africana “como membro de pleno direito da CPLP, na medida em que o país não preenche os requisitos para entrar na CPLP”.
“Nem sequer tem o Português como língua oficial, apesar de inúmeras promessas feitas nesse sentido pelo seu Presidente. E a adopção da língua portuguesa por decreto ou qualquer outro tipo de mecanismo arbitrário resultaria em mais uma imposição brutal ao seu povo, no caso a de uma língua completamente desconhecida”, pode ler-se.
A carta é subscrita por D. Basílio do Nascimento (Timor-Leste), Frei Carlos Alberto Libânio Christo (Frei Betto, Brail), Eduardo Lourenço (Portugal), Elisa Andrade, Francisco Buarque de Holanda (Brasil), Inocência Mata (S. Tomé e Príncipe), D. Januário Torgal (Portugal), José Mattoso (Portugal), Justino Pinto de Andrade (Angola), Manecas Costa (Guiné-Bissau), Margarida Pedreira Bulhões Genevois (Brasil), Maria Victória Mesquita Benevides (Brasil) e Mia Couto (Moçambique).
Em 2006 a Guiné-Equatorial tornou-se membro Observador Associado da CPLP, pedindo agora a sua admissão como membro de pleno direito.
A decisão será tomada no dia 23 de Julho em Luanda, no quadro da VIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP.
A XV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros vai acontecer a 22 de Julho, sendo precedida pela 135ª sessão do Comité de Concertação Permanente, no dia 21.
“Todos os membros da CPLP sofreram com as ditaduras que governaram os seus países ou dominaram os seus territórios não autónomos. Pela liberdade deram a vida milhares de cidadãos. Não queremos caucionar um ditador, nem reconhecer uma ditadura que só procura disfarçar a sua verdadeira natureza”, indica a Carta Aberta aos Chefes de Estado e de Governo dos países da CPLP.
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