quarta-feira, julho 14, 2010

Sócrates e as fraldas, as fraldas e Sócrates

Num discurso contra o "negativismo", onde apelou à "confiança e coragem" dos portugueses, o primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu hoje que “o Governo estará ao lado das empresas”, na apresentação das 12 medidas de apoio à execução do QREN nas empresas.

Os 700 mil desempregados, os 20% que (sobre)vivem na miséria e os outros 20% que já a têm a bater à porta ficaram, mais uma vez, satisfeitos. Sabem que essa teoria de José Sócrates querer que os portugueses aprendam a viver sem comer vai, de facto, fazer diminuir o número de desempregados e de miseráveis...

“Nunca o país precisou tanto do espírito empresarial como agora. Nunca a economia portuguesa precisou tanto dos empresários portugueses como agora. O Governo está convosco”, disse o primeiro-ministro no seu discurso da assinatura de contratos no âmbito do "QREN – Estratégia para a Aceleração da Execução de Projetos Empresariais".

O Governo de José Sócrates está, como sempre esteve, com as empresas ligadas ao PS, com as dos amigos do PS, com as que empregam os amigos do PS, com as que financiam os amigos do PS, com as que fazem propaganda ao PS, com as que albergam militantes do PS, com as que dão empregos milionários a ex-dirigentes do PS.

E, bem vistas as coisas, não são tão poucas assim. Assim sendo, são na verdade muitas as empresas com quem o governo esteve, está e estará. Disso os portugueses não têm dúvidas.

José Sócrates deixou, mais do que uma vez, palavras de “coragem, confiança, empenhamento, ânimo e pensamento positivo”, considerando que “de negativismo está este país cheio”, bastando para isso olhar para os jornais todos os dias.

Sim. Basta olhar (porque não há dinheiro para comprar) para os jornais. Melhor dizendo: para os jornais feitos por jornalistas. Para os outros, que são os tais com quem o PS esteve, está e estará, não vale a pena olhar. Não são jornais, são correias de transmissão das teses do PS.

“Não vejo nenhuma razão para não confiar no nosso país”, enfatizou o primeiro-ministro, que apelidou de “visão infantil e politiqueira achar que só Portugal é que enfrenta dificuldades”, já que isso acontece em toda a Europa.

Sócrates tem razão. Os portugueses até confiam no país, não confiam é nos políticos. Sabem, aliás, que por não poderem mudar o país têm, urgentemente, de mudar de governantes.

José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que os portugueses são – citando Guerra Junqueiro – “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”.

Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo.

José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que os portugueses são – citando Guerra Junqueiro – “um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta”.

Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo.


José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que em Portugal existe – citando Guerra Junqueiro – “uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos”.

Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo.

José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que em Portugal existe – citando Guerra Junqueiro – “um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País”.

Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo.

Entretanto, alguns portugueses (não tantos quanto o necessário) sabem que – citando Guerra Junqueiro – Portugal tem “partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar”.

Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo... sem direito a reciclagem.

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